Arquivo para novembro \28\-03:00 2011

28
nov
11

O Final Perfeito Para o Ano da F1

O GP do Brasil foi o final perfeito para o ano da F1. Neste ano maluco, com essas regras artificiais, conseguiram fazer uma corrida chatíssima em Interlagos, o circuito mais legal da categoria.

Mark Webber ganhou "de presente" a corrida, mas quem comemorou foram Vettel e Button.

Eu me dei muito mal… Me preparei a semana inteirinha para a “maratona esportiva” do domingo, que começava com o GP do Brasil no meu circuito preferido (ao lado de Spa-Francorchamps), Interlagos, e terminando com a “batalha” do Internacional contra o Flamengo, que poderia assegurar a vaga colorada na Libertadores 2012. Quanta decepção… Meu time perdeu o jogo, e a corrida foi muito chata.

Devo dizer que o fato da corrida ter sido ruim me deixou muito surpreso. Mesmo nos piores anos da F1, quando as “procissões” eram onipresentes durante a temporada inteira, o GP do Brasil sempre proporcionou grandes disputas, com diversas ultrapassagens.

Um circuito realmente especial, Interlagos ficou conhecida por ser exigente com pilotos, tanto por seu desafiador desenho, quanto pelo fato de a corrida ser disputada no sentido contrário da maior parte dos circuitos. Em um esporte que força muito a musculatura do pescoço, correr no sentido contrário requer uma preparação especial, além de provocar um desgaste a mais para os pilotos. Desgaste esse que já é grande por causa do calor e das chuvas que frequentemente caem na região. Isso que antigamente o GP era disputado em março, quando a água caía com vontade (como na música de Tom Jobim: “são as águas de março fechando o verão”…), e as chuvas eram muito mais presentes.

Mas Interlagos, ao contrário dos “tilkódromos” (circuitos desenhados pelo nefasto Hermann Tilke), tem vários pontos de ultrapassagem, além de curvas desafiadoras. É tipo “não tem como dar errado”… Não é que deu?

Longe de ser um GP da Hungria de 3 ou 4 anos atrás, foi uma corrida bem chatinha. Nada de disputas emocionantes, trocas de posição que significavam alguma coisa ou “brigas de facão”. Muito longe disso. O mais próximo disso foi uma disputa que não aconteceu, entre os “irmãos pedreira” Felipe Massa e Lewis Hamilton. Para completar a degraça, Charles Whiting ainda libera a permissão para abrir a asa móvel na reta errada…

Sebastian Vettel poderia ter vencido a corrida com uma roda amarrada nas costas. Porém, combinou um “teatrinho” com a equipe Red Bull (um suposto problema no câmbio) para deixar Mark Webber passar e ganhar a corrida, na esperança que algum problema tirasse de Jenson Button o vice-campeonato. Em vão, pois o “melhor do resto” Button fez mais uma “corridaça” e não deu chance para ninguém. Principalmente para Fernando Alonso, que nem um pódio conseguiu, com sua Ferrari Uno Mille…

Convenhamos: o melhor e mais confiável carro dos três últimos mundiais, com um dos pilotos que menos abandonam, ter problemas em duas corridas seguidas? Pior ainda: o câmbio estava ruim, Weber passou Vettel, e pouco tempo depois o alemão já estava “voando baixo” de novo, a ponto da equipe ter que lhe “lembrar” do problema de câmbio? Sei…

Vou postar uns “drops” para comentar a prova – “y otras cositas más”…

– O bando de urubús que fica agourando Sebastian Vettel é totalmente patético. “Ele ainda precisa mostrar que é bom com um carro ruim”… O cara venceu corrida com uma Toro Rosso!!! O Fernando Alonso nunca venceu corrida com a Minardi, não é? Ora, se enxerguem! Vettel, hoje, bota qualquer piloto do grid no chinelo, Fernando Alonso incluído. Quantas vezes Alonso errou neste ano? Várias, não é? E quantas Vettel errou?

O carro da Red Bull é bom, mas sem Vettel dentro, não sai nem o vice-campeonato.

– “A Red Bull é muito melhor que as outras”… Então por quê Mark Webber (que é comprovadamente bom piloto, apesar de não ser um fora-de-série) não é vice-campeão? Se o carro da Red Bull é tão bom como dizem, isso deveria ser natural… Gente, em várias provas o carro da Red Bull era bem inferior ao carro da McLaren e, em algumas ocasiões, até àquela porcaria que a Ferrari largou na pista neste ano. Só que a Red Bull tem um piloto que realmente faz a diferença. Aí parece muito fácil. Foi a mesma coisa quando Jenson Button ganhou o mundial de 2009. “O carro da Brawn era muito melhor que os outros”. Todo mundo esquece que a equipe fez um excelente carro, mas não tinha dinheiro para desenvolvê-lo durante a temporada,quando as outras equipes evoluíram muito. Mas Button foi campeão por mérito próprio. E não dá para esquecer que Rubens Barrichello tinha um carro igual e não conseguiu bater o inglês. Quando o cara é bom, é bom. Mas as “invejosas” relutam em reconhecer…

– Falando em Jenson Button, digo sem medo de errar: o inglês é o segundo melhor piloto no grid mesmo. Ele é rápido, regular, sabe poupar o equipamento e é agressivo quando necessário. Lewis Hamilton não é “pouca porcaria”, e levou um “laço” desmoralizante de Jenson. Para a infelicidade maior de Hamilton, Button não é só mais rápido que ele: é também muito mais maduro e consistente. Se a McLaren não tivesse “patinado” no início da temporada, Talvez Vettel tivesse um tantinho a mais de dificuldade para conquistar o campeonato. O problema é que Vettel é mais rápido, mais regular, sabe poupar o equipamento tanto quanto Jenson e é mais agressivo quando necessário. E amadureceu muito do ano passado para cá…

– Sobre Lewis Hamilton, aliás, pairaram muitas críticas neste ano. O rapazinho “surtou” completamente, achou que estava andando de auto-choque e saiu batendo em tudo e em todos. Ganhou uma quantidade considerável de punições, passou de unanimidade a contestado e “apanhou” miseravelmente de seu companheiro de equipe. Rápido como poucos em classificações (porém, superado por Vettel, quase um Ayrton Senna nesse quesito), lhe falta “cabeça fria”, regularidade e consistência nas corridas. Seu desequilíbrio psicológico, que costumava se manifestar na reta final do campeonato, começou bem cedo neste ano. Talvez por, pela primeira vez, não ter um bom carro (pelo menos no início da temporada), talvez por ser superado pela primeira vez por seu companheiro (ele “peitou” Fernando Alonso logo em seu primeiro ano e venceu), o fato é que Hamilton esteve à beira do descontrole na maior parte da temporada. Suas brigas com Felipe Massa (inocente em quase todas as vezes nas quais se bateram) chegaram a ser patéticas. Lewis conseguiu irritar até mesmo seu “padrinho” Ron Dennis… As más línguas falam que o sucesso lhe “subiu à cabeça”, que a namorada (atualmente ex, Nicole Scherzinger) artista atrapalhava, que o empresário do showbiz não sabia o que fazia, que inflava seu ego, que os conselhos de seu pai faziam falta… Enfim, ele se destacou mais pelos aspectos negativos de sua vida pessoal do que pelo seu talento.

Fernando Alonso sucumbiu novamente à bagunça da Ferrari. Ele deve ter saudades da enxuta e organizadíssima equipe Renault de antigamente, que conseguia projetar um bom carro e fazer ótimas estratégias. Também, com o mafioso truculento – mas competente – Flavio Briatore comandando tudo fica bem mais fácil… Já Stefano Domenicalli tem muuuuito o que aprender. Isso de conseguir aprender, algum dia. É numa ocasião dessas que a gente admira ainda mais o Jean Todt… Depois que ele saiu, o “macarrão” ferrarista “passou do ponto”… De qualquer forma, Alonso fez o que dele se esperava: arrasou implacavelmente Felipe Massa (neste ano nem precisou de ordem do boxe), frequentyou os pódios com alguma regularidade e chegou a ganhar uma corrida. Falhou em várias ocasiões, também, mostrando que é bom mas é humano. E que não é fácil fazer a Ferrari vencer – Michael Schumacher que o diga.

Rubinho e Massa: os brasileiros em baixa na F1.

– Já Felipe Massa conseguiu fazer um campeonato ainda pior que o de 2010. Completamente subjugado por Alonso, foi pouco combativo mesmo levando-se em consideração o péssimo carro que Ferrari lhe deu. É triste falar isso (ainda mais para mim, que sempre admirei seu estilo de pilotagem), mas Massa nunca mais foi o mesmo após seu acidente. Infelizmente, alguma coisa se perdeu, e talvez não volte nunca mais. Torço para que o brasileiro se recupere, mas tá difícil… A não ser que algum milagre aconteça, 2012 deve ser seu último ano na Ferrari.

– Por falar em brasileiro, e em último ano… Rubens Barrichello não merece passar pelo que está passando. O quarto maior piloto brasileiro de todos os tempos (só superado por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, e isso não é pouco), Rubinho merecia encerrar a carreira com dignidade. Ficar “mendigando” uma vaga para correr em equipes duvidosas – e a Williams de hoje é uma das mais duvidosas… – não faz jus à sua bela carreira. Na verdade, Barrichello deveria ter encerrado a carreira após 2008, quando fez um belíssimo campeonato. Sairia por cima, como merece. O problema do brasileiro é que lhe falta a lucidez e a maturidade (aliás, isso lhe faltou durante toda a sua carreira) comparáveis com seu talento. É um grande piloto, e não deveria passar por essas situações constrangedoras. Ele deveria estar brigando pelas primeiras posições, não pelo 12º lugar…

– Aliás, a situação está bem complicada para os brasileiros na F1. Nada mais do que o reflexo da situação deprimente do automobilismo brasileiro. Não se tem mais incentivo, a CBA é uma bagunça com sanhas arrecadativas e o esporte (com excessão da Stock Car, que eu abomino) está praticamente morto. A não ser que o cara seja “podre de rico” para correr de Lamborghini ou Aston Martin ou queira dirigir um caminhão… De monopostos, praticamente só a F-Future de Felipe Massa, que já disse que tem dificuldades para preencher o grid. E isso aparece com bastante ênfase na participação tupiniquim na categoria máxima do automobilismo: para quem já teve 5 ou 6 pilotos na F1, o Brasil hoje pode ficar com apenas 1 (enquanto Massa se sustentar, pois Rubinho deve parar e Bruno Senna é capaz de nem emplacar 2012). E não tem ninguém prestes a chegar, pois Lucas di Grassi não conseguiu mais do que correr 1 ano pela fraquíssima Virgin, e Luiz Razia não tem perspectiva de conseguir alguma vaga logo.

Bruno Senna fura o pneu do carro de Schumacher: barbeiragem pode ter custado caro.

Bruno Senna, aliás, conseguiu se afastar mais um pouco da vaga na equipe Lotus para 2012. Em uma disputa com Michael Schumacher, o brasileiro tocou sua asa no pneu traseiro da Mercedes do alemão, em uma manobra bizarra, tomando uma punição e acabando com qualquer chance de fazer uma boa prova. O pior foi ouvir o pessoal da RGT dizendo que a culpa foi de Schumacher… Bruno é um caso sui generis: após a morte de seu tio ficou muito tempo parado, começou profissionalmente no automobilismo muito tarde, e conseguiu chegar à F1 muito à custa de seu sobrenome. Mas, tirando alguns bons desempenhos em classificações, não mostrou nada demais em corridas, e ainda acumulou acidentes. Muitos desses acidentes foram provocados por sua inexperiência (ou falta de habilidade, vai saber…), outros foram azar. Ou até mesmo por começar no meio do “bolo”, por se classificar de 10º para trás. O problema de Bruno é que até o pagante Vitaly Petrov acabou tendo desempenho bem superior ao seu, e isso não é bom. A equipe já se prepara para dar nova chance a Romain Grosjean, a não ser que Bruno descarregue um “caminhãozinho de dinheiro” na Lotus. Pessoalmente, se eu precisasse escolher, analisando puramente o desempenho do brasileiro, eu não o manteria na equipe. É triste dizer isso, e o que eu mais queria era ter um brasileiro para poder torcer por vitórias e títulos, mas seu desempenho não o qualifica para tal.

– Por falar em desempenho, tirando alguns azares, há de se enaltecer o veterano Michael Schumacher. A “urubuzada” caiu matando em cima do alemão no ano passado, dizendo que ele já era, e coisa e tal. Pois tiveram que “engolir” tudo o que falaram. Schummy mandou muito bem neste ano, e não fosse por alguns “barbeiros” (pode colocar Lewis Hamilton e Bruno Senna nessa lista) poderia ter igualado e até superado seu companheiro, o excelente – e consistente – Nico Rosberg. E olha que o carro da Mercedes, neste ano, foi bem pior que a média. Comia pneus com a voracidade de um adolescente em uma pizzaria rodízio, e era bem desequilibrado. Porém, Schumacher já tem experiência em “levantar” equipes (tirou a Ferrari de uma “fila” que já durava 21 anos). Eu apostaria nele. Correm boatos que deve renovar até 2013. Dá-lhe Schummy!!!

– E tem gente que fala mal de piloto pagante. Gente, hoje em dia, na F1, tirando os “figurões”, todo mundo é pagante. Inclusive o espetacular Kamui Kobayashi e o ótimo Sergio Pérez, além de Adrian Sutil e o “hooker of the Year” Paul Di Resta. Claro que existem os Karthikeyans e D’Ambrosios da vida. Mas não é porque o cara consegue um bom patrocínio que ele deixa de ser bom piloto. Até por acreditarem nos caras, as empresas gastam um dinheiro para financiar suas carreiras.

Kamui Kobayashi é um dos meus ídolos no automobilismo. Consigo enxergar no japonês um arrojo fora do normal (como conseguia enxergar em Robert Kubica, por exemplo), mas muito mais do que isso. Ele é regularíssimo, apesar de extremamente veloz, e conquistou pontos importantíssimos para a Sauber. É veloz como Lewis Hamilton, mas muito mais equilibrado mentalmente. Fez algumas das mais belas ultrapassagens que já vi, mas dificilmente se envolve em acidentes (afora, claro, quando vira “alvo” dos “barbeiros”). Eu aposto que se dessem um bom carro para Kobayashi-san, ele poderia tranquilamente ser o primeiro japonês campeão de F1. Porque talento não lhe falta…

– E Peter Sauber sabe o que faz… O tal do Sergio Pérez é muito bom, também. Estreando em uma equipe pequena, com um carro meia-boca, o mexicano conseguiu belos resultados. Rápido e consistente, é uma espécie de “filhote de Jenson Button“. Até para a Ferrari já foi cotado, sinal que tem “bala na agulha”.

– Uma das notas negativas do ano diz respeito a Robert Kubica. Sem dúvida um dos pilotos “top 5” da categoria, o polonês sofreu um seríssimo acidente quando corria de rali. Quase perdeu o braço direito, lesionou-se seriamente e não se tem certeza de que voltará a dirigir um carro de corridas, que dirá um F1. Kubica é um daqueles pilotos que fazem valer a pena assistir as corridas, por seu arrojo, sua velocidade e sua competitividade. Infelizmente, uma besteira (quem deixou o cara correr de rali?) pode ter encerrado sua brilhante carreira.

– Uma equipe que evoluiu demais (e isso tem sido constante) foi a Force India. Vijay Mallya não entrou na categoria para brincar, e montou uma ótima equipe, melhor que muitas com anos de tradição. Escolheu dois pilotos excelentes, o alemão Adrian Sutil (que admiro bastante) e Paul Di Resta (que mostrou muito talento em seu ano de estreia). O carro melhora a cada ano e a equipe dá aulas de competência e organização. Coisas que faltam em equipes maiores, até…

– A Williams mancha sua história vencedora com seus últimos anos. De uma das maiores e mais tradicionais da F1, virou uma equipe “nanica”. Difícil reconhecer nela algum traço de competência ou capacidade, à excessão de Rubens Barrichello, que nem deve permanecer para o ano que vem. É deprimente. O velho Franck Williams (“o último dos garagistas”) deveria ter feito como Ron Dennis, se associando a uma montadora. Pelo menos assim ele teria recursos para desenvolver um equipamento decente. Do jeito que está hoje, chega a dar raiva. Ano que vem deve entrar mais dinheiro na equipe, além dos motores Renault. Se nao melhorar com isso, é hora de dar “tchau tchau”…

– As “nanicas”, cada vez mais, mostram que são totalmente dispensáveis. Chega a ser ridículo ver aqueles carros (se é que dá para chamar de carro umas porcarias que “levariam pau” de muito carro de GP2) atrapalhando os pilotos que tentam correr de F1. Se ainda servissem para revelar algum talento… O problema é que todas as vagas das “nanicas” são pagas. E os pilotos que têm patrocínio e algum talento vão para as equipes médias. É a fome e a vontade de comer…

– Para finalizar, deixo aqui o meu protesto contra as regras esdrúxulas que transformas a F1 em algo extremamente artificial. Mil e duzentas ultrapassagens em uma corrida nada significam, se conseguidas à base da covardia (asas móveis que só podem ser utilizadas por quem ataca, nunca por quem se defende). Os novos pneus, sim, deram alguma emoção às corridas. As asas não. Tiram a naturalidade e mascaram o talento de quem realmente tem talento. O tal do KERS também é dispensável. O que poderia ser feito, e que seria realmente legal, é mudar os circuitos. É bem fácil comparar os circuitos de Spa-Francorchamps, Montreal e Interlagos, por exemplo, com aqueles desenhados por Hermann Tilke. Para acontecer uma corrida decente no “tilkódromos”, só falta a FIA espalhar tachinhas na pista. Porque os circuitos são lindos para se olhar, mas péssimos para se correr. Se mudassem as pistas nem precisaria de KERS, asa móvel e o caramba. As corridas seriam naturalmente boas. Mas Tilke é “amigão” de Bernie Ecclestone, que acha que o espetáculo é mais importante que o esporte. O cara é bilionário, quem vai discordar dele?

Eu discordo.

O brabo é ficar até mais da metade de março sem poder assistir às corridas. Junta com as férias do futebol, e a coisa fica bem ruim… Mas paciência. Esperamos que no ano que vem a coisa melhore. Porque este ano, na minha opinião, foi brabo…

27
nov
11

A Derrota Que Representou o Ano Colorado

A derrota para o Flamengo, por 1 x 0 é uma representação perfeita do que foi o ano colorado, em suas várias nuances.

Não tem como não comparar. Tudo o que foi o ano de 2011 para o Internacional foi representado na derrota para o Flamengo. O Internacional iria ganhar do Flamengo. O Inter teria mais time que a equipe carioca. O Inter iria se consolidar no G-5. A atuação coletiva da equipe iria convencer. Os problemas do ataque seriam resolvidos, assim como os da defesa. O problema deste ano, para o Inter, sempre foi o tempo dos verbos…

Leandro Damião: muito esforço mas nenhum gol.

No começo do ano, o Internacional seria campeão da Libertadores e do campeonato brasileiro, além de “vingar” o mundial perdido vergonhosamente para o Mazembe. O plantel era enaltecido, os adversários tinham “medo”, a imprensa especializada se jogava aos pés do time “mais forte do Brasil”…

Quando os colorados festejaram o título do campeonato gaúcho (que foi conquistado “com as calças na mão”, diga-se), o Inter passou a ser o principal candidato ao título nacional, principalmente após a constatação da fase esplendorosa que atravessava Leandro Damião, fazendo gols de todas as maneiras possíveis. O problema era confirmar esse favoritismo na Libertadores, que vinha antes do torneio nacional.

Só que o time falhou desgraçadamente na Libertadores. Eram más atuações, desempenhos apáticos misturados com atuações razoáveis. Leandro Damião continuava “arrebentando”, mas eram irritantemente frequentes as situações nas quais o time perdia o jogo por causa dos erros da defesa.

Defesa que foi o grande “calcanhar de aquiles” colorado. Pior que isso não aconteceu somente neste ano. Ora, sem precisar ir muito longe, basta constatar que, se a defesa não tivesse falhado contra o Mazembe, mesmo o ataque não funcionando, o jogo seria decidido nos pênaltis… Então, para quem tem um pingo de noção de qualquer coisa, era bem óbvio que o setor defensivo precisava de uma atenção especial.

No ano passado, após tentar negar veementemente as dificuldades do time, a diretoria (capitaneada por Fernando Carvalho) apostou todas as fichas no retorno de jogadores da lendária equipe de 2006. Foi quando Renan, Tinga e Rafael Sóbis chegaram para ajudar a conquistar uma Libertadores que parecia perdida. E o polêmico Celso Roth foi escolhido, entre as pouquíssimas opções no mercado da época, para comandar a equipe. Era tudo ou nada.

Tinga: mais uma grande partida.

Por incrível que pareça, a medida deu resultado. Renan, Tinga e Sóbis foram importantíssimos para a conquista histórica (lembre-se que na época o “centroavante” era o lamentável Alecsandro…). E a diretoria teria algum tempo para se preparar (e corrigir os problemas defensivos e mesmo ofensivos). Pena que não fez isso. O resultado do mundial é conhecido por todos…

E pior: em uma atitude incompreensível, renovaram o contrato do contestado Celso Roth para 2011, mesmo sabendo que no primeiro vacilo a torcida iria “pedir sua cabeça”. O erro começou aí…

Contrataram meias e volantes às pencas. Apostaram em jogadores desconhecidos (muitos deles ainda permanecem desconhecidos, nem chegaram a jogar no Inter “A”), alguns muito novos, outros mais veteranos. Claramente foram contratações visando a quantidade, não a qualidade. Zagueiros? Laterais? Nada. Apareceu o volante Fabrício, que pode jogar improvisado como lateral esquerdo (muito mal, diga-se), como o volante Bruno Silva, mas lateral de verdade, nenhum…

E a diretoria ainda deu sorte. Após sofrer com os péssimos desempenhos de alguns goleiros (o fraquíssimo Lauro e o reticente Renan), “descobriram” Muriel, que – graças a Deus!!! – se firmou como titular e vem prestando ótimos serviços ao time. No mais, após a injustificável (pode falar o que quiser, mas para mim é injustficável) saída de Falcão, durante o período no qual Osmar Loss esteve à frente do time (felizmente apenas como interino), alguns garotos das categorias de base foram testados no time principal, e tiveram bom desempenho. Foi o caso do ótimo Elton, do excelente Zé Mário e a dupla João Paulo e Lucas Roggia.

Não podemos esquecer das contratações “de peso” da atual diretoria, como Bolatti, Cavenaghi e Zé Roberto.

Bolatti começou bem, depois “afundou” miseravelmente, recuperando-se há pouco tempo. Devido à cansativa maratona de jogos (na Europa, no Inter e na seleção argentina), foi obrigado a dar uma “parada” de duas semanas para se recuperar.

Zé Roberto, assim que foi escalado na posição correta, “voou” e se tornou fundamental para a conquisa do Gauchão. Infelizmente acabou parando por um longo tempo, devido a uma hérnia cirurgicamente corrigida, e está tentando voltar à sua melhor forma.

Cavenaghi foi um tiro “n’água”. Nunca teve um desempenho sequer parecido com o que se esperava dele. Para sua desgraça, a comparação era com o espetacular Leandro Damião, em fase arrasadora; Mas nem quando Damião estava fora ele rendeu bem. E pior ainda: como Guinazú, D’Alessandro e Bolatti eram titulares, o argentino Cavenaghi não podia ser sequer relacionado para as partidas do campeonato brasileiro, pois o número máximo de estrangeiros no time é 3. Foi embora após uma rescisão amigável…

O resto do time continuava o mesmo de sempre. O problema é que alguns jogadores começaram a apresentar um desempenho ruim com alguma frequência.

Guinazú virou uma pálida sombra do que já foi. Com uma forma física invejável, o argentino sempre se notabilizou por “dar o sangue” em campo, mas passou a fazer partidas péssimas, até apáticas. Sempre fora de posição, abusava dos passes errados e parecia desanimado.

D'Alessandro não levou cartão, mas saiu sem a vitória.

D’Alessandro, apesar capaz de atuações importantíssimas, levou a torcida à loucura com sua quantidade absurda de cartões, amarelos e vermelhos. O “folguista” do meio campo colorado irritou juízes, técnicos e diretores, mas foi a torcida quem mais sofreu com os “rompantes” do argentino. Além disso, “sumiu” em determinadas situações que necessitavam desesperadamente de sua presença marcante à frente do time.

Índio decaiu no início do ano, perdendo a condição de titular. Lento e violento, o zagueiro aprontou confusões e apenas piorou a situação da defesa colorada. Melhorou bem no segundo semestre, e merecia a titularidade. Infelizmente, as sucessivas lesões do veteraníssimo zagueiro impediram uma continuidade maior. Além disso, uma zaga com Bolívar e Índio, além de ser extremamente lenta, falha demais…

Nei nunca foi considerado exatamente um craque. Mas teve seus bons momentos. Bons momentos que rarearam dramaticamente neste ano, levando a ira à torcida, que várias vezes vaiou o lateral colorado. Para completar, ainda atua no mesmo lado de Bolatti (que foi péssimo em muitos jogos) e Bolívar.

E, finalmente, o caso mais agudo de deterioração: Bolívar. O zagueiro “desceu a ladeira” miseravelmente, apresentando péssimos desempenhos. Boa parte das derrotas (e empates desnecessários) coloradas aconteceu por falha de Bolívar, que foi omisso, desatento, lento e irresponsável. Trata-se de um dos grandes ídolos históricos do Internacional em todos os tempos, mas a torcida reconheceu nele (com razão) o grande “buraco” no time colorado e começou a vaiá-lo implacavelmente. O “general” pediu para sair do time e deu lugar ao jovem Rodrigo Moledo. Na verdade, Moledo e Juan (que já andava jogando no lado esquerdo da zaga) entraram “na fogueira”, sendo forçados a adquirir entrosamento e experiência “na marra”.

O problema é que o irresponsável e problemático Juan foi expulso após uma atitude incompatível com um jogador de futebol do S. C. Internacional, e arranjou problemas nos bastidores. Colocado “na geladeira”, daria espaço ao veterano Índio. Como Índio se ressente de problemas físicos, obrigou a volta de Bolívar ao time. Com a volta do “general”, coindidentemente (???), a zaga voltou a falhar…

Mas não só nos jogadores se coloca a culpa pelos resultados da equipe. Após o já citado Celso Roth, que nem deveria ter renovado contrato para 2011, veio Falcão. O maior ídolo colorado de todos os tempos assumiu a equipe em um momento complicado. Precisando desesperadamente de uma vitória para sua afirmação (e do time), Falcão ganhou o campeonato gaúcho com dificuldades, de maneira quase épica. Mas vinha fazendo um trabalho razoável à frente da equipe. Até que foi demitido, sem explicação plausível e sem tempo para “dar sua cara” ao time.

Em seu lugar ficou, por um tempo agoniantemente longo (talvez como teste, vai que funciona…), o interino Osmar Loss. Loss começou bem, trouxe para a equipe principal vários garotos das categorias de base (alguns até deram certo) mas logo mostrou que não estava preparado para um cargo tão exigente.

Após muitas tentativas e negociações falhas com diversos treinadores (uma delas, com o lamentável Cuca, “morreu na casca” pela repercussão negativa junto à torcida), Dorival Júnior assume, tardiamente, para levar o Inter ao título nacional. Ou, pelo menos, a uma vaga na Libertadores 2012.

Ora, Dorival é um treinador notadamente ofensivista e que gosta de trabalhar com jogadores jovens, o que vem de encontro aos desejos (e à tradição) colorados. O problema é que ele pegou o “bonde andando”, não teve nenhuma influência na formação da equipe. Pegou um grupo psicologicamente fragilizado, até pela maneira como seu antecessor, Falcão, saiu do Inter. Mas o pior, mesmo, foram os constantes desfalques que foi obrigado a enfrentar, por lesões e/ou convocações de seus jogadores. Além da seleção brasileira, principal e sub-20, a seleção argentina “tirou lascas” do elenco colorado em diversas ocasiões.

As constantes convocações, que sobrecarregaram ainda mais os jogadores obrigados a cumprir uma extenuante maratona de jogos por vários campeonatos, provocaram desgastes físicos (caso de Oscar), psicológicos (como Bolatti) e lesões (Leandro Damião). As diversas ausências de jogadores importantíssimos impediram o time de ter uma sequência de jogos com a mesma escalação. Ora, se isso já seria difícil para um treinador consolidado no clube, imagina para alguém que “cai de paraquedas” no meio de um campeonato, sem poder contratar jogadores e precisando desesperadamente vencer…

Aí fica naquela situação: o clube tem um “grande plantel”, um treinador “top”, uma estrutura de primeira (talvez a melhor do Brasil), então por quê não ganha tudo o que disputa?

Pelos mesmos motivos pelos quais perdeu o jogo contra o Flamengo.

O jogo começou equilibrado, com as duas equipes buscando a vitória. O time carioca “carregava” um pouco na marcação, frequentemente se utilizando de violência desnecessária para parar as jogadas coloradas.  Apesar disso, em pouco tempo o Inter dominava a partida. Porém, desperdiçou muitas chances de gol. E não foi só Leandro Damião, voltando de lesão e ainda fora de suas melhores condições. Gilberto, Oscar e D’Alessandro também perderam gols. O time atacava, armava jogadas mas não tinha sucesso na conclusão. Como em todo o ano…

Mas foi aos 46 minutos do primeiro tempo que aconteceu o pior. A bola sobrou para o dentuço feioso (ou Peladeiro Gaúcho, ou Ronaldinho Carioca, como queiram…). Rodrigo Moledo errou fragorosamente, Bolívar devia estar no bar do estádio tomando Coca-Cola. A defesa toda estava fora de posição. Ficou Ronaldinho contra Muriel. Eu não gosto do feioso, mas sei que ele não perde gol assim… Foi o gol do jogo.

Aconteceu o que se viu muitas e muitas vezes neste ano. O time “desistiu” de jogar depois dos 45 minutos do primeiro tempo. Estavam “fazendo o tempo passar”, aguardando o apito do árbitro. Muriel tinha se chocado com um jogador do Flamengo e ficou caído. Os jogadores pararam, pedindo falta. O juiz não deu nada. Decerto eles esperavam “fair play” dos jogadores flamenguistas… Fair Play??? Os caras estão decidindo uma vaga para a Libertadores!!! Além disso, alguém já viu a escalação do time do Flamengo??? Depois de olhar, ainda esperam “fair play” deles??? Ora, façam-me o favor…

Na volta do segundo tempo, o Inter voltou “agredindo” com mais veemência ainda. Mas como no ano todo, os jogadores cansaram de desperdiçar chances e gol. Claro, a atuação de luxo do melhor jogador em campo, o goleiro Felipe, não ajudou em nada… Mas o desperdício de gols aconteceu durante todo o ano, por que seria diferente hoje?

Lá pela metade do segundo tempo, para completar, Dorival Júnior se desesperou com uma falta não marcada pelo juiz e chutou a bola no campo. Foi expulso. Ele já tinha feito substituições desesperadas (Gilberto por Andrezinho, Nei por ), e continou, trocando Kléber por Fabricio. Puro desespero. Aliás, só mesmo desesperado para colocar o lamentável

E o Inter tentou, tentou, tentou. Mas não conseguiu. Jogou melhor? Aparentemente, sim. Mas daqui a 5 anos, o que vai contar é o placar final. E esse foi do Flamengo.

Muriel fez defesas espetaculares. Foi realmente impressionante. Infelizmente não tinha como defender o chute do dentuço feioso… Mas o gol foi cortesia de sua defesa. Só uma coisa poderia ser condenada no desempenho do goleiro colorado: não tem que fazer tempo. Caiu, levanta. Sem essa de “fair play”…

Bolívar foi o mesmo ausente de sempre. Se não comprometeu diretamente, também não ajudou muito. Eu me pergunto por quê só aparece Rodrigo Moledo na zaga colorada. Sempre Moledo, nunca Bolívar. Por quê?

Rodrigo Moledo, tirando a “bobeada” que resultou no gol dos cariocas, foi extremamente eficiente. O “xerife” marcou implacavelmente o ataque flamenguista e mostrou o motivo de sua titularidade. Pena que “Bobeou” em uma jogada fundamental.

Nei… Como falar de Nei e não se repetir? Difícil, não é? Pelo menos acertou alguns – poucos – cruzamentos, e quase fez o gol de empate. Ah, se não fosse o “quase”… No segundo tempo, quando bateu o desespero, foi substituído por .

entrou e fez sua especialidade: nada. Sinto saudades de Cavenaghi, ao assistir o péssimo Jô jogando…

Kléber teve um desempenho excelente. Subiu menos por causa da exigência de marcação (no que foi extremamente eficiente), mas em um lance foi absolutamente fundamental: tirou uma bola praticamente da linha do gol colorado, com o goleiro Muriel batido. Saiu no segundo tempo para a entrada de Fabricio.

Fabricio entrou com sua atitude esforçada de sempre. Até não foi tão mal, mas não conseguiu mudar o panorama do jogo. Aliás, é difícil de imaginar o mediano Fabricio mudando o panorama de algum jogo…

Tinga fez outro “partidaço”! Atuando como volante, Tinga marcou implacavelmente o feioso dentuço (no que foi muito bem sucedido), e ainda deixou o time mais ofensivo com suas subidas.

Guinazú até jogou bem, pelo menos na maior parte do tempo. Na primeira etapa foi importantíssimo na marcação, mas estava fora de posição (como toda a defesa) no lance do gol.

D’Alessandro tentou, fez belas jogadas, chutou a gol, cruzou e se esforçou muito. Jogou, jogou, jogou, mas não decidiu a partida. Como em várias ocasiões neste ano.

Oscar fez uma bela partida.

Oscar foi um dos melhores – senão o melhor – jogador do Inter. Fundamental na criação das jogadas, se utilizou de sua velocidade e de sua notável habilidade para criar jogadas perigosíssimas de ataque.

Gilberto fez um belo primeiro tempo. Principalmente no início da partida, quando atacou muito e quase marcou. No segundo tempo, “sumiu” em campo e foi substituído por Andrezinho.

Andrezinho entrou no segundo tempo no lugar de Gilberto. E entrou bem. Talvez por sua relação com o Flamengo (já decidiu partidas contra seu ex-time) foi incumbido por Dorival Júnior para ajudar na construção de jogadas. Realmente ajudou, além de fazer belas cobranças de bolas paradas.

Leandro Damião fez diversas finalizações. Muitas, mesmo, mostrando que volta progressivamente à sua melhor forma. Perdeu alguns gols por defesas espetaculares do goleiro Felipe, mas perdeu outros por ainda não ter retornado à sua melhor condição.

Dorival Júnior armou muito bem o time. Escolheu os jogadores corretos (só discuto a escalação de Bolívar), armou um esquema de jogo eficiente. Não esperava o “black out” do final do primeiro tempo, na jogada que originou o gol dos cariocas. Tentou “corrigir a rota” com a entrada de Andrezinho no lugar de Gilberto, mas entrou em desespero. Perdeu o controle, teve uma atitude “juaniana-dalessândrica” e foi expulso, prejudicando ainda mais a equipe. Tirando a entrada de Andrezinho, suas substituições foram fruto de seu desespero. Tirar Nei, tudo bem, mas colocar em seu lugar? Tá certo que ele não tem muitas opções no banco, mas talvez João Paulo tivesse um efeito melhor no time. E tirar Kléber (que poderia estar cansado, não sei), que é experiente e comprovadamente bom jogador, para colocar o sofrível Fabricio… É complicado. E carece que fundamento.

Apesar dos resultados paralelos ainda darem alguma esperança de classificação para a Libertadores, o fato é que o Internacional não merece, por tudo o que fez (e o que não fez) durante o ano. Acho difícil ganhar o Gre-Nal, torcendo por um tropeço do Coritiba. O Internacional iria disputar a Libertadores 2012, mas haverá Gre-Nal na Sul-Americana. E, pelo jeito, sem Leandro Damião. Se o Inter disputasse a Libertadores, talvez ele até ficasse. Mas não parece ser o caso…

20
nov
11

Agora é Real: Leandro Damião Voltou!

Graças ao bom Deus, o espetacular Leandro Damião voltou a fazer o que sabe melhor: gols. Mas não foi apenas essa a boa notícia que veio de Internacional 2 x 1 Botafogo. Tem muito mais…

Leandro Damião voltou a marcar.

Com a vitória sobre o Botafogo, o título do post anterior começa a mudar de sentido. Agora, sim, aquela vitória tem algum valor. E que valor! Significa um G-5, o que pode levar o time colorado à Libertadores do ano que vem.

A vitória do Inter veio acompanhada de várias outras vitórias individuais, que acabaram contribuindo para o resultado final.

A primeira – e talvez mais importante – foi o retorno de Leandro Damião. Não o retorno às partidas, que já aconteceu há alguns jogos. Mas o retorno (por enquanto, ainda parcial) à sua condição de atacante decisivo. Visivelmente ainda fora de sua condição ideal (sua “explosão” é uma pálida sombra do que era antes da séria lesão que lhe deixou um bom tempo fora), ele mostrou que melhora a cada partida, e já começa a fazer a diferença. Damião é um jogador realmente diferenciado: mesmo jogando no “sacrifício”, ele ficou até o final e mostrou um esforço maiúsculo para driblar sua condição desfavorável e ajudar o time na tarefa hercúlea de ganhar do Botafogo na casa do adversário.

E o esforço do atacante foi recompensado no finalzinho do primeiro tempo. Após uma bela jogada, que envolveu vários dos principais jogadores colorados (Tinga, D’Alessandro, Kléber, Oscar e o próprio Damião), Oscar chutou, o goleiro não conseguiu segurar a bola. Pois ela sobrou para o espetacular atacante que, sempre bem posicionado, tocou para o gol. E, caso Damião errasse, Gilberto (outro que estava sempre bem posicionado) estava pronto para converter.

Mas não foi somente o gol que marcou a participação de Damião. Várias boas jogadas sairam de seus pés. À medida em que a partida se desenvolvia, o atacante ganhava mais e mais dribles de seus adversários. Muito combativo, muito esforçado, ele representou a imagem da equipe. Pelo menos da maioria dos jogadores.

O que nos leva à segunda vitória: Gilberto. Após tudo o que passou, as lesões, a contestação, a desconfiança, o atacante entrou (parcialmente) fora de sua posição e confirmou, com mais veemência, o que já havia mostrado na partida anterior. Combativo, veloz, muitíssimo bem colocado, foi peça fundamental no esquema de jogo que obteve sucesso. Se antes o ataque colorado era só Damião, que “inventava” gols espetaculares, brigando sozinho contra as zagas adversárias, hoje o trabalho é dividido com Gilberto. E como isso faz diferença! Ele “chama” a marcação, ele dribla, ele chuta de fora da área, ele marca a saída de bola… E sempre com competência. É outro jogador que melhora a cada partida. Se hoje não fez gol, foi essencial para a vitória colorada.

Outra vitória veio de um jogador que (excluo-me dessa lista) tem sido contestado com alguma regularidade: Tinga. É fácil me excluir da lista, pois Tinga, junto com Falcão, Valdomiro, Manga, Figueroa, Escurinho, Batista, Nilmar e Fernandão, entre outros, é um de meus ídolos colorados de todos os tempos. Um dos melhores meias da história do futebol brasileiro (e não sou apenas eu quem diz isso, tem muita gente bem mais entendida que eu que concorda com isso), Tinga tem 33 anos, é muito experiente (jogou no exterior com sucesso durante anos), tem muita qualidade e é um dos jogadores que mais “dão o sangue” pela equipe. Porém, até por não ser mais um “guri”, tem sofrido bastante com lesões. Essas lesões lhe tiraram a regularidade necessária para que pudesse consolidar seu lugar no time titular. Em uma situação inédita em sua carreira, Tinga chegou a ser reserva. Pior: sem lugar no time, chegou a ficar no banco e não ser utilizado.

Claro que qualquer iniciante no futebol conhece as qualidades de Tinga. Entre elas, uma das mais importantes é a versatilidade: ele joga como volante tão bem quanto joga como meia. E Dorival Júnior, com inteligência, usa Tinga como seu “auxiliar técnico”, quase um segundo treinador. Dentro ou fora do campo, ele tem o conhecimento e a liderança necessários para ajudar – e muito – o time.

Acontece que, contra o Botafogo, ninguém jogou melhor que Tinga. Mesmo ele tendo uma função mais defensiva (estava escalado como volante), ele fez uma partida absolutamente perfeita. Foi a partir de Tinga que o Inter criou as jogadas que decidiram a partida. Foi Tinga que, com seus passes precisos, seus dribles desconcertantes e sua visão privilegiada de jogo conseguiu contornar o sério problema de posicionamento do início da partida. Tinga, juntamente com Kléber, se constituiu no elo que faltava para “juntar” Oscar, D’Alessandro, Gilberto e Leandro Damião. Impossível deixar de enaltecê-lo como o melhor jogador da partida.

Não há como deixar de considerar uma vitória a participação de Andrezinho. Entrando no lugar de um extenuado Gilberto (que ainda não está 100% fisicamente), o meia deu o passe para o gol de Oscar. E que passe! Deixou Oscar em posição privilegiada, era só marcar – e ele marcou. Logo após a entrada de Andrezinho, pela ausência de Gilberto, mas também pelo desgaste físico do time colorado, após um ritmo alucinante desde o início da partida, o Inter “se encolheu”. Mas não foi a entrada de Andrezinho que povocou isso. As próprias mudanças que foram feitas no time do Botafogo proporcionaram essa situação. E, dos jogadores em campo, Andrezinho era sempre um dos que mais buscavam o ataque. Foi uma bela apresentação do meia, que normalmnte entra bem quando é colocado no segundo tempo.

Já que citamos ele, no parágrafo anterior, podemos dizer que o gol que Oscar fez foi também uma vitória. O meia vem de uma sequência de jogos que chega próxima da crueldade neste ano. É o Inter, a seleção sub-20, O Inter, a seleção principal, o Inter de novo… Sempre com altíssimo grau de responsabilidade: na seleção sub-20, foi responsável por fazer simplesmente todos os gols brasileiros da final do mundial. Oscar deu o título ao Brasil. Na seleção principal, sofreu com o time desconjuntado de Mano Menezes. Com o Inter, então, foi extremamente sobrecarregado. Sobrecarregado pelas sucessivas ausências de D’Alessandro (um folguista, sempre levando cartões..), quando tinha que assumir a parte criativa do meio campo. Sobrecarregado por ser escalado como segundo atacante, fora de sua posição de origem, por falta de um verdadeiro segundo atcante. Sobrecarregado por tentar contornar a falta de integração de Andrezinho com os outros meias, o que lhe obrigava a correr feito louco, seguidamente se vendo isolado. E sobrecarregado pela pressão de ser um jogador fora de série, sempre mais cobrado que seus pares.

Pois Oscar, se utilizando de duas de suas qualidades mais marcantes, a velocidade e a visão de jogo, fez o gol que garantiu a vitória para os colorados. E olha que, após o gol do Botafogo, aquele gol se tornou muito mais importante…

E não há como ignorar a vitória do técnico Dorival Júnior. Dorival pegou um time com seríssimas deficiências em seu plantel, no meio de uma competição de alto nível, sofreu com repetidas ausências de jogadores (por lesões, suspensões e/ou convocações) e, quando finalmente pode ter dois atacantes, conseguiu fazer valer a força de seu esquema. Mais ainda: conseguiu identificar um situação potencialmente catastrófica (parte do time “implodiu” psicologicamente após o gol dos cariocas) e fez o suficiente para impedir o empate botafoguense.

Se não fez absolutamente tudo com perfeição (Bolívar na zaga é arriscado…), não cometeu nenhum erro grave. Sua escalação, tirando a já citada na zaga, foi excelente, suas substituições foram corretas (dentro do panorama da partida e do que havia no banco). Suas “correções de rota” deram certo, e tomou muito cuidado para não deixar ninguém por tudo a perder, caso da retirada de D’Alessandro, por exemplo.

Foi a soma dessas vitórias individuais que fizeram a vitória colorada. E é disso que o Inter precisa para assegurar sua vaga na Libertadores 2012.

As avaliações individuais ilustram bem o que eu quero dizer.

Muriel mostrou novamente que é um goleiro do mais alto nível. Fez defesas dificílimas, em situações complicadíssimas, especialmente nas falhas de sua defesa. Conseguiu se destacar pela segurança e pelos reflexos impressionantes. Levou um gol em uma jogada perfeita do ataque botafoguense, com o auxilio “precioso” de dois jogadores colorados, que “foram mais não foram” na bola, e atrapalharam sua visão. Mas as defesas que fez foram fundamentais para a vitória colorada.

Bolívar, desta vez, não chegou a comprometer. Pode-se afirmar até que teve um bom desempenho. Com seu estilo “feijão-com-arroz”, só poderia ter sido mais presente dentro da área. A seu favor, o fato de que marcava o mesmo lado onde atua Nei

Rodrigo Moledo brilhou. Foi, mais do que nunca, o grande “xerife” da zaga colorada. Sempre seguro, atuou soberano na área colorada. Sua forma física invejável e sua capacidade de sempre tomar a iniciativa das jogadas foram realmente decisivas.

Nei jogou o que sabe. Não é muito, eu sei, mas paciência. Pelo menos não chegou a comprometer. Mas é realmente difícil não se irritar com ele… Como eu já cansei de falar, os mesmos passes errados, as mesmas jogadas tresloucadas e ele não sabe o que fazer com a bola quando vai ao ataque.

Kléber, por sua vez, foi excelente. Marcou muito bem, foi fundamental com seus apoios (inclusive no gol de Damião) e sua habilidade faz um par perfeito com sua experiência. Só não precisava ter “enfeitado” tanto uma jogada arriscada, qua acabou dando um contra-ataque perigosíssimo para o time carioca.

Tinga: o melhor em campo "voou" para garantir a vitória.

Tinga foi o melhor em campo. Já falei o suficiente dele acima, mas cabe ressaltar sua importância para a equipe, especialmente hoje.

Guinazú teve, na média, uma boa atuação. Mais pelo posicionamento que pela qualidade de sua apresentação. É claro que sua função é “destrutiva”, mas dá saudade de seus tempos “áureos”…

D’Alessandro esteve longe de ser o jogador que comandava o time rumo às vitórias até algum tempo atrás. De atuação irregular, me levou à loucura quando começou a discutir com um adversário por besteira (como sempre…), levando outro desnecessário cartão amarelo. No segundo tempo, tentou uma simulação de pênalti e foi substituído. Apesar disso, foi responsável direto pela jogada que resultou no primeiro gol colorado, e fez algumas jogadas realmente perigosas, chegando a meter uma bola no travessão.

Élton entrou no final do segundo tempo no lugar de D’Alesandro, para “segurar o resultado”, e teve uma atuação extremamente competente. O garoto é muito bom e merece mais oportunidades.

Oscar foi decisivo (de novo),  já falei o suficiente de sua atuação. Cabe ressaltar que, além da altíssima qualidade de suas jogadas, sua doação à equipe chega a ser comovente. É outro que “dá o sangue” pelo time. Candidato a ser um daqueles ídolos que eu citei antes.

Fabrício entrou no lugar de Oscar, no esforço para “segurar o resultado”. Não teve participação suficiente para obter algum destaque.

Gilberto também já foi devidamente exaltado. E com justiça. É uma esperança real para substituir o espetacular Leandro Damião quando de sua (inevitável) saída. Deve dar uma dupla infernal (no melhor sentido) com Dagoberto.

Andrezinho também já foi devidamente elogiado, e foi ressaltada sua importância no segundo gol colorado.

 O espetacular Leandro Damião completou mais um passo importante rumo à sua plena recuperação. O gol, que é apenas o primeiro de muitos outros que virão, foi uma mensagem: Leandro Damião voltou! E com toda a certeza isso é importantíssimo para que o Inter consiga a tão sonhada vaga na Libertadores 2012.

Resta agora torcer para que a garra e a habilidade mostradas hoje estejam presentes nas últimas rodadas, que serão “pedreira”… Talvez o time colorado seja “de chegada”, vamos confiar… Afinal, a esperança é a última que morre – apesar de ser a primeira a ficar doente…

17
nov
11

Companheiro (ou Sucessor) de Damião Decide Jogo Que Vale… O Quê, Mesmo?

O atacante Gilberto foi o destaque do Internacional na magra vitória de 1 x 0 sobre o Bahia. Pena que, por enquanto, não vale nada…

Gilberto finalmente conseguiu mostrar seu talento.

Eu queria ver isso. Faz um tempinho, devo admitir. Gilberto, goleador e destaque do campeonato pernambucano, contratado como grande promessa, não tinha sido realmente testado. Até ontem. Ao lado do espetacular – porém convalescente – Leandro Damião, finalmente foi escalado como titular. E não decepcionou. Até que enfim, um atacante no Beira-Rio (tirando, claro, o já citado espetacular) que não decepciona…

Gilberto chegou como esperança de um time que tinha um dos melhores atacantes do mundo, em uma fase esplendorosa. Talvez por isso tenha “passado batido”. Pouco jogou, até em treinos era ignorado. Foi para o purgatór… ops, Inter “B”, onde fez um “estágio”. Apresentou-se muito bem na Copa Audi, mas lesionou-se em seguida. Aliás, sofreu duas lesões sérias, que lhe deixaram um bom tempo “de molho”. Superadas todas essas dificuldades, foi escalado no jogo contra o Cruzeiro (“na fogueira”, em um time desfalcadíssimo). Apesar de ter sido tirado antes do final da partida, mostrou um excelente posicionamento, uma característica desejável em um atacante.

Com a volta de vários jogadores titulares ao time, e devido ao bom futebol mostrado na partida anterior, Gilberto ganhou a chance de iniciar jogando no ataque, ao lado de Leandro Damião. Seria o primeiro teste “verdadeiro” com o atacante.

Aqui cabe uma obervação: Gilberto é centroavante, assim como Damião. Tecnicamente jogam na mesma posição. O que não impede que ele jogue um pouco mais aberto, se utilizando de sua imposição física e velocidade, como um segundo atacante. Na prática, apesar da teoria, o Inter jogou com dois centroavantes, e o posicionamento deles nos ataques colorados deixou isso bem claro. É como uma Gilette G2: a primeira faz “tchan”, a segunda faz “tchun”… E “tchã-tchã-tchã-tchã”…

Pois nessa história o jovem atacante se deu bem: fez o único gol da partida, exatamente por estar muitíssimo bem colocado. Mais ainda: criou oportunidades de gol, participou de jogadas ofensivas, chutou de fora da área e, não fosse pelo excelente goleiro Marcelo Lomba, teria feito mais um golzinho, ao menos.

Passando no teste (como passou), credencia-se a se firmar no time titular ao lado de Damião. Dorival Júnior é um técnico ofensivista por natureza, mas lhe faltavam atacantes. Isso criava uma distorção na equipe: Oscar era obrigado a jogar como atacante, ao invés de fazer o que sabe melhor, que é criar jogadas. Com a entrada de Gilberto, Oscar fica um pouco mais recuado e pode jogar mais naturalmente, dentro de suas características.

Dorival Júnior conseguiu escalar dois atacantes de verdade.

Claro que não foi somente com Gilberto que Dorival acertou o time. A presença de Tinga foi absolutamente imprescindível para que o time voltasse a apresentar um futebol decente. Jogando como volante, Tinga deu cadência ao meio campo colorado, além de velocidade e consistência. A dupla Tinga-Gilberto foi responsável pelo domínio colorado no primeiro tempo, o que se percebe facilmente analisando como caiu o desempenho do time após suas saídas.

Um parágrafo especial dedicado ao árbitro (????) paulista Paulo César Oliveira, que teve uma atuação bisonha, para dizer o mínimo. Três pênaltis claros, que deveriam ser acompanhados por três cartões vermelhos para os respectivos infratores, foram sumariamente ignorados. No caso da jogada violentíssima de Bolívar em Dodô, ele ainda marcou falta. Nos dois que deveriam ser a favor do Inter, nem isso. E olha que foram duas jogadas de seleção brasileira – pena que a de vôlei… Entre os árbitros ruins do campeonato brasileiro (e olha que não são poucos), P. C. Oliveira ocupa um lugar de destaque. O consolo é que, se tivesse marcado os três pênaltis, o resultado seria o mesmo (vitória do Inter).

No mais, o destaque – negativo, infelizmente – da partida foi o lance criminoso de Bolívar (sempre ele…) em Dodô. O zagueiro entrou “de sola” no jogador baiano, que ficará sem jogar futebol até maio de 2012… E depois sou eu que pego no pé do Bolívar…

Mas o pior disso tudo é que a falta, violentíssima, foi dentro da área colorada, em um ataque do time baiano. Já imaginou se o juiz marca? O Beira-Rio vinha abaixo. A moral do zagueiro, há tempos habitando o subsolo do planeta, talvez chegasse na China. China que, provavelmente, seria um bom lugar para Bolívar fixar residência, depois de fazer uma c*g*d* dessas.

Bolívar quase bota tudo a perder - de novo.

Já disse em posts anteriores: respeito Bolívar por tudo o que ele fez pelo Internacional. Reconheço suas qualidades, mas é impossível deixar de constatar que seu ciclo no Beira-Rio acabou. Bolívar, apesar da fase medonha em que se encontra, é um bom zagueiro. O problema é que ele perdeu completamente o moral com a torcida. O clima é ruim, a pressão deve ser enorme em cima de seus ombros, o que facilita os erros. E como acontecem, os tais erros… E com os erros, vem a “chiadeira” da torcida (entre eles, este blogueiro). Mais pressão, mais erros. E assim por diante.

Bolívar ainda pode começar uma nova fase em outra equipe – e, certamente, essas equipes existem. Abel Braga gosta dele, Muricy Ramalho também, o que lhe deixa as portas abertas em clubes de primeira linha. É triste ver um jogador que foi tão importante para a história colorada se “queimar” dessa maneira…

E ontem foi como nas apresentações recentes do zagueiro. Se não fosse Rodrigo Moledo “segurar as pontas”, mesmo com o fraco ataque do Bahia, certamente o Inter teria levado algum gol. Aliás, se o juiz tivesse algum resquício de competência, o Inter teria levado um gol provocado por Bolívar. Contra fatos, não há argumentos…

O resto do time foi nada além de mediano. Felizmente Tinga e Gilberto conseguiram “sacudir” a equipe. Felizmente o ataque dos baianos era fraco, o que deixava Kléber livre para apoiar. E Kléber teve participação fundamental  na jogada do gol. As oportunidades aconteceram em maior quantidade. Claro que o adversário era o Bahia, com todo o respeito possível…

Muriel fez poucas mas ótimas defesas. Aquele chute do Lulinha, após matar no peito e chutar de primeira, foi espetacular. E Muriel pegou com segurança. Não dá para se queixar do goleiro colorado, que tem que se “virar” como pode frente às deficiências defensivas da equipe.

Nei abusa da nossa paciência. Sempre a mesma coisa… Mal na parte defensiva, subidas “tresloucadas” e bolas desperdiçadas. Difícil não se irritar. Ah, e como erra passes…

Sobre Bolívar eu já falei o suficiente. Muitas faltas e poucas jogadas bem sucedidas.

Rodrigo Moledo: o "xerife" da zaga colorada.

Rodrigo Moledo, por outro lado, é o grande “xerife” da defesa. Graças ao bom Deus! Porque se garantir em um time que tem Nei e Bolívar é uma tarefa hercúlea.

Kléber, que tem se obrigado a ficar mais atrás ajudando a defesa, dessa vez conseguiu subir mais, e fez ótimas jogadas com D’Alessandro, Oscar e Gilberto. Foi essencial na jogada do gol colorado, e ainda assim esteve bem na parte defensiva.

Bolatti fez uma partida meio burocrática. Pelo menos, não comprometeu.

Tinga fez a diferença. Foi o grande responsável pela melhora do time, junto com Gilberto. Além de ser esforçado, faz belas jogadas, erra poucos passes e ainda marca com competência. Pena que teve um entorse no tornozelo na primeira etapa, que acabou obrigando a sua substituição no segundo tempo.

Ao contrário de seu desempenho como lateral, Sandro Silva entrou bem como volante. Aliás, ele normalmente entra bem em sua posição de origem. Esforçado, foi muito bem na parte defensiva.

D’Alessandro não rendeu tudo o que nós sabemos que ele pode, mas fez uma belíssima jogada com Kléber, que resultou no gol colorado. Mandou uma bola na trave, em uma cobrança de falta, e fez outras boas jogadas.

Oscar, dessa vez, esteve mais discreto. Porém, fez algumas boas jogadas de velocidade, e teve boa integração com Gilberto.

Gilberto foi o destaque da partida. Sempre bem posicionado (talvez sua característica mais marcante), esforçou-se bastante e fez boas jogadas. Com uma sequência de jogos, seu desempenho deve melhorar mais ainda. O potencial está lá…

João Paulo entrou no lugar de um extenuado Gilberto. Movimentou-se bastante, e foi só. Talvez até por ter entrado em um momento mais “morno” da partida.

Leandro Damião ainda busca seu melhor condicionamento físico. Porém, seu posicionamento perfeito pôde ser observado durante todo o jogo. Quase foi à loucura ao ver o zagueiro adversário “cortar” a bola ao seu lado, em uma jogada típica do voleibol. O espetacular vem melhorando a cada jogo, e se integrou muito bem com Gilberto.

Dorival Júnior colocou Tinga e Gilberto, e conseguiu finalmente uma melhora na cadência e na velocidade das jogadas, além de finalizações feitas por atacantes de verdade. Fazia um bom tempo que um atacante colorado não marcava um gol, desde a lesão de Leandro Damião. As perspectivas a partir da bem sucedida experiência são boas, basta aperfeiçoar o esquema e melhorar o entrosamento. Só questiono a escalação de Bolívar. O problema é que Índio ainda não está 100% fisicamente, e Juan é um (perdão pelo termo) “porra-louca” no qual não se pode confiar. Porém, os dois encontram-se em melhores condições que o “general”.

Como Dagoberto virá em 2012, resta saber se Gilberto será uma alternativa ou um substituto de Leandro Damião (que certamente será vendido em 2012, ou no começo ou na metade do ano). O atacante é jovem e mostrou potencial, não pelo que apresentou contra o Bahia, somente, mas como uma soma de suas apresentações. De qualquer maneira, é uma opção muitíssimo mais interessante que o péssimo ou – pelo menos por enquanto – que Zé Roberto, ainda sem ritmo e em condições físicas ruins.

Espera-se que essa vitória tenha valido alguma coisa. Por enquanto, o Inter ainda está fora do grupo das 5 equipes que se classificam para a Libertadores 2012. Talvez nas rodadas que faltam isso mude. Se o time conseguir, será uma situação inédita neste campeonato, uma sequência tão grande de vitórias. A esperança é a última que morre, mas a primeira a ficar doente… Aguardemos.

13
nov
11

Bolívar Voltou… De novo!

Claro que o título do post é um exagero (em parte, pois o “general” foi responsável direto pelo gol do Cruzeiro). Mas Bolívar pode ser considerado um ícone da vergonhosa derrota colorada em Minas Gerais.

Foi duro de assistir. Eu só consegui aguentar o segundo tempo da “briga de cegos de facão” com a ajuda de uma generosa panelada de pipocas, roídas com desespero. Meu filho Lucas não conseguia ficar sentado. Esbravejava, batia na cadeira, xingava e se lamentava sem parar… O fato é que, sem meio time, o Internacional fez uma apresentação pavorosa e saiu de Minas com uma derrota por 1 x 0 para o Cruzeiro. Sim, aquele que luta contra o rebaixamento. Sim, ganhou do time que almeja (va) uma vaga na Libertadores 2012.

O primeiro tempo começou com um jogo franco entre as duas equipes.

O Cruzeiro entrava desfalcado de seu mais festejado jogador, Montillo. Além disso, uma vitória era de suma importância para evitar um vergonhoso rebaixamento para a série B. Desespero é um termo que definia bem a situação dos mineiros.

O Internacional, por sua vez, almejava uma vaga na Libertadores do próximo ano. Para isso, dos cinco últimos jogos, calculava que teria que ganha 4 e empatar 1. Uma sequência de 4 vitórias em 5 jogos nunca foi atingida pelo time gaúcho neste campeonato… Para piorar ainda mais a situação, 5 desfalques tornavam a situação bem difícil. Vou destacar apenas um dos desfalques: Leandro Damião

Além dele, os suspensos Kléber, Juan e Ilsinho não foram escalados. Para completar, Guinazú serve a seleção argentina e ficou fora desta partida. Se com o time completo já é difícil, imagina sem 5 jogadores…

E Leandro Damião vale mais que os outros 4 juntos. Mesmo voltando de lesão e fora de ritmo. Claro que não se pode esquecer de Kléber, sempre um jogador importantíssimo, tanto na defesa quanto nos imprescindíveis apoios. Guinazú não tem jogado bem, e Ilsinho é reserva. Mas um reserva que tem entrado frequentemente.

No lugar de Leandro Damião, o promissor Gilberto. O mesmo Gilberto que entrou poucas vezes em campo e mostrou um bom futebol, mas sofreu com lesões. Uma bela oportunidade de mostrar seu talento. Até porque a outra alternativa, Zé Roberto, vem de uma loooooonga parada (hérnia corrigida cirurgicamente) e está visivelmente fora de ritmo.

Para substituir Kléber, o lamentável Fabrício. Esforçado, mas péssimo…

No lugar de Guinazú, o garoto Elton, que teve excelentes atuações este ano, durante o período que Bolatti “esqueceu como se joga futebol”. Na verdade, a posição de Elton é a mesma de Bolatti, no lado direito, mas Dorival Júnior se obrigou a escalar o garoto na esquerda, mesmo.

Gilberto lutou contra o isolamento.

No lugar de Juan, Dorival colocou seu companheiro de zaga Rodrigo Moledo, o melhor zagueiro do plantel colorado. Na posição original de Moledo, entrou ele… O “general” Bolívar… Brrrrrr…

Cabe ressaltar que não tenho nada contra Bolívar enquanto pessoa e ídolo colorado. Com uma folha corrida imensa de valorosos serviços prestados ao Inter, ele já faz parte da história do nosso clube. O problema é que, nos últimos tempos, suas atuações têm sido uma pálida sombra do que já foram. O cara não consegue correr, é desatento, se omite nas jogadas e prejudica o time, que já não anda jogando aquilo tudo… Depois eu recebo reclamações, dizendo que eu “pego no pé” do “general” e essas coisas todas. Não, não pego. Basta analisar com frieza as partidas nas quais Bolívar atuou recentemente para perceber suas deficiências. Seu veteraníssimo colega Índio (37 anos “de praia”…) lhe deixa “comendo poeira”, tanto em energia quanto aplicação. Se for comparar com o jovem Rodrigo Moledo, então, chega a ser covardia. E os números não mentem: a defesa rende melhor sem Bolívar.

Além disso, o treinador colorado tirou Andrezinho do time titular (finalmente), colocando o ídolo Tinga em seu lugar, alteração devidamente festejada por este blogueiro. Não faz sentido ter Tinga na reserva e Andrezinho como titular. Em time nenhum…

Mas voltando à partida, era pá de cá, pá de lá. Os dois times atacavam constantemente, afinal, o empate era ruim para ambos. Gilberto se colocava muito bem, mas a bola não chegava “redonda” nele. Tinga começou em altíssimo padrão, fazendo belas jogadas, movimentando-se muito e ditando o ritmo dos ataques. Oscar era outra “arma” do Inter, sempre habilidoso e com muita velocidade. D’Alessandro, entretanto, estava bem “sumido”…

O maior problema, além do nervosismo dos jogadores colorados, que erraram lances impressionantes, era o excelente goleiro Fabio, que fez defesas arrojadíssimas. Nas vezes que não defendeu, contou com a ajuda dos jogadores colorados, e até mesmo da sorte. Caso da defesa que fez no chute de Gilberto, que sobrou para Oscar. Oscar percebeu Fabio adiantado e chutou por cobertura. Caprichosamente, por alguns milímetros, a bola bateu no travessão e saiu. Mas Tinga, Gilberto e Andrezinho também tentaram “vazar” o goleiro cruzeirense e não conseguiram.

Tinga tentou, mas não conseguiu fazer seu time sequer empatar com o Cruzeiro.

O problema é que o Cruzeiro também atacava, e muito. Mais até que o Inter. E num desses ataques, Wellington Paulista ignorou a presença displicente de Bolívar e a chegada atrasada de Nei (que duplinha…) e cruzou para a conclusão de Farías. 1 x 0 para o Cruzeiro.

O Inter tentou desesperadamente o empate, mas coisa não funcionava… Pior que isso, a “avenida asfaltada” no lado direito da defesa colorada foi reinaugurada, e o Cruzeiro aproveitava a via expressa sem cerimônia…

Em um desses ataques, praticamente um “meio-gol”, o garoto Elton, atrasado, “interceptou” um jogador cruzeirense com violência, levando um cartão amarelo. Depois eu falo da importância desse lance.

Quando o primeiro tempo terminou foi um alívio para a torcida colorada. O negócio era esperar a segunda etapa para ver qual a solução mágica Dorival Júnior iria inventar. Se o nome dele ainda fosse Dumbledore Júnior…

O segundo tempo começou e o jogo continuava franco, aberto. O Inter buscava o empate, mas as dificuldades aumentaram ao invés de diminuir. O treinador inverteu Rodrigo Moledo e Bolívar de lado, para tentar diminuir o “sufoco” na defesa. Foi parcialmente bem sucedido nisso.

Mas o pior ainda estava guardado…

Elton foi tirar uma bola na frente da área. Não teria problema nenhum, não tivesse o garoto tirado a bola com a mão. Levou um cartão amarelo. Como já tinha levado um no primeiro tempo (naquele lance que eu disse que era importante), foi expulso. Aí, meu amigo, o “bicho pegou”…

Se com 11 a coisa estava difícil, quase impossível, com apenas 10 jogadores – e atrás no placar – o desespero tomou conta dos colorados. E a partir daí mais nada funcionou no Inter – como se tivesse funcionado antes… Mas que piorou, ah, isso piorou…

Bolatti, sentindo um problema físico, saiu para a entrada de Andrezinho, esperança em bolas paradas. Um tempo depois, João Paulo entrou no lugar do “sumido” D’Alessandro e Zé Roberto entrou no lugar de Gilberto. Questiono a segunda substituição, pois Gilberto, enquanto esteve em campo, jogou bem melhor.

Daí até o fim do jogo foi um tal de nervosismo, jogadas desconjuntadas e – felizmente – defesas espetaculares de Muriel, que conseguiu evitar um placar ainda mais terrível.

Muriel, além de fazer defesas espetaculares, não teve culpa no gol cruzeirense. Sua zaga “proporcionou” a Farías a chance de aparecer sozinho e desmarcado na área colorada. O gol foi uma consequência natural desse erro.

Rodrigo Moledo foi o menos pior da defesa. Enquanto esteve no lado esquerdo teve um desempenho mediano, melhorando muito ao voltar para sua posição original. Tivesse a seu lado um zagueiro mais competente, certamente o Inter não sofreria tanto.

Bolívar voltou… Para nosso desespero. Não adianta, é visível sua falta de condição. Prolema físico? Não me parece, mas vai saber… Falta de motivação? Pode ser. O problema é que Bolívar joga fora, de balde, tudo o que levou anos para juntar com uma colherinha de chá. Em breve estará completamente “queimado” junto à torcida. Aí não adianta reclamar… É hora de “pedir as contas e ir cantar em outra freguesia”.

Sobre Nei, vale o que eu costumo falar dele… É difícil não sentir raiva do “carequinha”. Fraco na defesa, sai feito louco rumo ao ataque, frequentemente fazendo ótimas progressões. Só que não sabe o que fazer com a bola, justo no lance mais importante. Não sabe cruzar, erra passes, dá a bola “de graça” para o adversário. Alterna jogadas geniais (como o chute que quase resultou em gol e pegou no travessão) com erros bisonhos. O fato é que faz falta um lateral de verdade no time colorado… Muita falta.

Fabrício é esforçado, mas muito ruim. O máximo que conseguiu foi “cavar” alguns escanteios. Defende mal, tenta apoiar, mas se ressente de uma falta de habilidade marcante…

Bolatti fez uma apresentação mediana. Não defendeu nem desarmou com destaque. Pior ainda, deixou de “cobrir” adequadamente o lado direito da defesa, especialmente com Bolívar atuando naquele lado.

Elton tinha uma atuação razoável, até “perder a cabeça” e tirar a bola com a mão, o que resultou em sua expulsão. Normalmente equilibrado, o garoto parecia nervoso e desequilibrado. Uma pena.

Andrezinho entrou no lugar de Bolatti, mas pouco fez. Tirando um chute a gol que Fabio, habilidosamente, defendeu, nada a destacar.

Tinga começou jogando muito bem, como em seus melhores tempos. Foi afoito, porém, ao finalizar, e se perdeu no jogo “desconjuntado” do final da partida.

D’Alessandro jogou mal novamente. Ausente na maior parte do tempo, fez apenas algumas jogadas interessantes após os 15 minutos do primeiro tempo, mas nada extraordinário.

D'Alessandro: sumido e omisso.

João Paulo entrou no lugar de D’Alessandro mas, apesar da boa movimentação, pouco fez pela equipe.

Oscar fez excelentes jogadas na primeira etapa, com suas já conhecidas velocidade, habilidade e eficiente movimentação. Perdeu um gol no comecinho da partida e teve outros lances defendidos por Fabio. Porém, no final da segunda etapa, “afundou” junto com o resto do time.

Gilberto mostrou excelente movimentação, mas sofreu do mesmo mal que Leandro Damião também tem sofrido: um cruel e absoluto isolamento. Apesar disso, fez boas jogadas e poderia ter ficado até o final do jogo.

Zé Roberto entrou no lugar de Gilberto, mas nada conseguiu mostrar. O atacante, além de não ser um centroavante de ofício, ainda se ressente de uma grande falta de ritmo, consequência de seu longo afastamento.

Dorival Júnior teve um desempenho mediano. Se acertou a escalar o time titular com Gilberto no ataque e Tinga no lugar de Andrezinho, fez a péssima escolha de colocar Bolívar no lugar de Juan. No mais, não tinha mesmo o que fazer. Suas substiuições foram inócuas, com a excessão da troca de Gilberto por Zé Roberto, que foi um retrocesso.

Com essa derrota vergonhosa, o Internacional dá adeus à Libertadores 2012 e coloca mais um “prego no caixão” do seu desempenho no campeonato brasileiro de 2011. Com a ausência do time na Libertadores do próximo ano, fica mais difícil segurar o espetacular Leandro Damião. Com problemas financeiros, e sabendo que o time é “Leandro Damião e mais 10”, as perspectivas para o próximo ano assumem a tonalidade “preto profundo”…

Ah, para finalizar: faz um tempo que eu disse que vai ter Gre-Nal na Sul-Americana do ano que vem…

07
nov
11

Frases de Efeito (9)

“Mesmo que o Lula perca a voz e aprenda a linguagem dos sinais, continuará falando errado, pois lhe falta um dedo.”

06
nov
11

Às Vezes a Gente Ganha…

Infelizmente não foi o caso de Internacional x Fluminense. Mas que foi um “partidaço”, ah, isso foi…

Não adianta ficar nervoso, arrancar os cabelos, praguejar e ficar de mau humor. Futebol é assim. Como já dizia Dino Sani: “no futebol se ganha, se perde ou se empata”. Quando um dos times ganha, o outro perde. É completamente lógico, mas às vezes as pessoas se revoltam contra isso…

Rafael Sóbis, eterno ídolo colorado, virou carrasco em uma bela partida.

O fato é que foi uma bela partida de futebol. Duas equipes ótimas. Dois técnicos excelentes. Um deles, fez história no Internacional (Abel Braga). O outro, certamente, fará (Dorival Júnior). Não tinha lugar para amadorismos no Beira-Rio.

E os dois técnicos são ofensivistas. Ninguém é covarde, ninguém se encolhe. Isso deu um tempero todo especial ao duelo. Além disso, era praticamente “o jogo do ano”. Quem vencesse iria direto para a briga pelo título. Quem perdesse, praticamente enterraria suas possibilidades.

O Inter perdeu por “méritos” próprios. Não sucumbiu a um Fluminense arrasador, muito pelo contrário. Foi sua própria incompetência que selou o resultado final. Primeiro, por não saber materializar em gols o domínio da partida, que foi seu na maior parte do tempo. Depois, por falhar duas vezes quando não podia.

No início da partida o Inter atacava mais, tinha a posse de bola e parecia que iria infringir uma derrota contundente ao Fluminense. Um gol perdido por Oscar no começo da primeira etapa parecia um aviso: logo, logo, começará a vitória.

O problema é que o Fluminense não estava morto, muito antes pelo contrário. E a presença de Rafael Sóbis, ídolo colorado dispensado em sua segunda passagem, durante a qual sofreu com constantes lesões, mas que está em uma excelente fase, era o que mais ameaçava o time colorado. O habilidoso atacante jogou muito bem, e iniciou a jogada do primeiro gol dos cariocas. Mas o grande responsável por abrir o placar, com certeza, foi Deco. Deco foi o melhor jogador em campo, e fez toda a diferença para que o Flu saísse vitorioso de Porto Alegre.

Deco ainda daria o passe para o segundo gol, de Rafael Sóbis, que sacramentou a vitória.

Entre os gols do time carioca, uma belíssima jogada de Leandro Damião proporcionou um cruzamento preciso para a conclusão do excelente Oscar, que se aproveitou de sua incrível velocidade.

Oscar fez uma ótima partida e marcou o gol colorado.

O Gol de Sóbis saiu aos 48 minutos do segundo tempo e foi nitidamente uma falta de atenção da defesa colorada. Como faltava menos de 1 minuto para terminar o primeiro tempo, os caras “desistiram” de jogar. Como se viu, um erro grotesco em um jogo como esse.

Mas, como o jogo era parelho, a torcida esperava que o time se impusesse na segunda etapa. Certamente Dorival Júnior corrigiria o esquema de jogo, o que daria ao Inter uma vantagem suficiente para conseguir virar o placar.

Aí aconteceu o primeiro de dois momentos cruciais da partida. Porque o Fluminense adiantou a marcação, corrigiu a parte defensiva e anulou o amplo domínio alvi-rubro do primeiro tempo. A partir daí, o Inter não consegiu mais jogar com tanta desenvoltura.

Leandro Damião pouco tocou na bola. O centroavante ainda está ganhando ritmo de jogo, mas se ressentiu do isolamento e da pesada marcação. Fez pouco mais que a jogada que originou o gol de Oscar, o que pode ser colocado na conta do meio campo, que não conseguia fazer a bola chegar nele.

O problema é que o Fluminense começou a dominar a partida, em uma inversão do que se viu na primeira etapa. Dorival Júnior tirou um sumido Andrezinho para colocar Ilsinho, em uma tentativa de dar mais velocidade ao meio campo. Pouco efeito teve no panorama do jogo.

O Fluminense ainda teve chances de aumentar o placar. Em uma delas, uma defesa espetacular de Muriel impediu um placar mais elástico a favor dos cariocas.

Dorival ainda tentou mudar o rumo da partida, com as entradas de Tinga (no lugar de Guinazú) e Zé Roberto (no lugar de D’Alessandro). Mas o segundo momento crucial da partida enterrou de vez as chances dos gaúchos.

No afã de conseguir o gol, a equipe começou a atacar (meio destrabelhadamente, é verdade) com muita energia. Várias dessas jogadas resultaram em contra-ataques do Flu. Em um desses contra-ataques, Juan fez falta em um Rafael Sóbis. Quando o juiz assinalou a infração, o zagueiro colorado “perdeu a cabeça” e jogou a bola no chão com violência. Como já tinha recebido um cartão amarelo, foi expulso. Game over.

Se com 11 o jogo já estava difícil, com 10 ficou praticamente impossível. A superioridade técnica do Fluminense se somou à superioridade numérica, e o jogo terminou com o placar do primeiro tempo.

Não foi injusta a derrota colorada. Afinal, o Fluminense errou menos. Foi um belo jogo, sempre “pegado”, com um perigo a cada jogada. Mérito de Abel Braga, que soube corrigir o esquema de sua equipe e, mesmo fora de casa, vencer uma equipe perigosíssima. Mérito de Rafael Sóbis, que mostrou que voltou a ser aquele Rafael Sóbis que a gente sempre admirou. Mérito de Deco, que foi absolutamente imprescindível para o resultado da partida, por ter dado o passe para os dois gols do Flu.

A derrota colorada – e a perda da possibilidade de lutar pelo título – foi “mérito” de erros históricos, das últimas diretorias. O time não estaria nessa situação se tivesse um atacante para jogar com Leandro Damião (ou outro centroavante que pudesse ser chamado assim…), ou se tivesse um zagueiro decente no lado esquerdo (pois Índio está lesionado) ou mesmo um lateral direito que prestasse (o Nei é muito ruim!)… Não dá para jogar a culpa da derrota no time (apesar de Juan ter dado uma bela “força”), muito menos no técnico Dorival Júnior.

Individualmente, minhas impressões:

Muriel foi excelente. Fez belíssimas defesas. Não foi diretamente culpado de nenhum dos gols sofridos. Aquela saída “estranha” no gol de Sóbis foi porque sua defesa tinha “sumido” completamente. Aí só Jesus Cristo para pegar…

Rodrigo Moledo, como tem sido hábito, fez uma belíssima partida. Infelizmente o resultado final acabou com sua longeva invencibilidade como titular da zaga. Ah, se a gente tivesse outro Moledo no lado esquerdo…

Porque “Juin” (Juan), além de ter jogado mal, ainda enterrou as possibilidades de uma reação no final da partida, por sua atitude incompatível com um jogador profissional que veste uma camisa tão gloriosa como a do S. C. Internacional. Além disso, foi um dos dois jogadores que tentaram marcar Rafael Sóbis – e não conseguiram – na jogada que originou o primeiro gol do Flu. O outro foi Guinazú

Nei é muito ruim! Pode falar que ele é esforçado, que corre muito, até faz um golzinho de vez em quando… Mas a equipe se ressente de um jogador decente em uma posição tão importante como a lateral direita. Marcou muito mal, o jogo inteiro. Pior ainda: acha que sabe apoiar, mas não sabe o que fazer com a bola quando chega no ataque…

Kléber jogou bem novamente. O problema de Kléber é seu companheiro “Juin”. Por ter que cobrir seu zagueiro, o lateral deixa de apoiar, o que faz muita falta no ataque.

Bolatti jogou muito bem hoje, de novo. O argentino confirma a cada jogo sua titularidade. Firme e decidido, fez sua função com maestria.

O que já não se pode falar de Guinazú. Com uma atuação irregular, mas fraca na maior parte do tempo, o argentino saiu para a entrada de Tinga. Que saudades do Guinazú de antigamente…

Tinga entrou para dar outra dinâmica ao time, e quase conseguiu. Quando estava em vias de impor sua dinâmica ao meio campo colorado, “Juin” fez aquela c*ag*ada… Mas eu deixaria Tinga no lugar de Guinazú como titular, sem pestanejar…

Seu Jorge (Andrezinho) começou bem, mas depois decaiu, até ser substituído.

Andrezinho (também conhecido como “Seu Jorge“, depois do novo corte de cabelo…) estava bem no início da partida, mas depois foi progressivamente decaindo, até o segundo tempo, quando “sumiu” de vez. Se na primeira etapa até jogou bem com D’Alessandro e Oscar, voltou a ser o “descolado” – no mau sentido – dos últimos tempos. Andrezinho seria banco, na minha equipe…

Ilsinho entrou no lugar de Andrezinho para dar mais velocidade ao meio campo. Como Oscar, que também é veloz, fazia uma boa partida, a expectativa é que a velocidade dos dois permitisse que a bola chegasse mais em Leandro Damião. Se tivesse funcionado, certamente o título deste post seria outro.

D’Alessandro esteve bem no primeiro tempo. Comandou o meio campo colorado durante seus tempos de domínio, mas decaiu no segundo tempo. Não sei se seria o suficiente para ser substituído (até achei meio temeroso, para dizer a verdade…), mas talvez Dorival soubesse de algo que nós não sabíamos (o argentino poderia estar cansado), ou até tentasse algum esquema “mágico” que tivesse dado certo nos treinos. De qualquer maneira, a presença de D’Alessandro fez falta na sequência.

Zé Roberto entrou no lugar de D’Alessandro no final da partida e pouco mostrou. Uma pena, pois, estivesse em boas condições (como antes da lesão), seria o jogo ideal para ele mostrar sua experiência e sua qualidade. Após uma demorada ausência por causa de uma hérnia (que resultou em cirurgia), nunca mais o ataque colorado teve um companheiro à altura de Leandro Damião. Problemas disciplinares recentes, porém, acenderam o sinal amarelo sobre seu nome…

Oscar foi o melhor em campo pelo time colorado. Velocíssimo, não mandava recado: atacava mesmo. Um jogador que fez a diferença. Não por coincidência foi o autor do gol do Inter. Teve mais chances, que desperdiçou, mas faz parte. Se tivesse alguém que jogasse mais perto, lhe acompanhando na jogadas, certamente o resultado seria melhor.

Leandro Damião ainda está meio “duro”, meio sem ritmo de jogo. Normal, levando-se em conta seus mais de 40 dias parado. Para completar, tem experimentado um isolamento cruel, que seu pseudo substituto (o péssimo ) não tinha. É claro que, quando conseguiu fazer uma jogada, fez aquela que resultou no gol de Oscar. Mas é extremamente esforçado e o talento ainda está lá. A tendência é que volte a ser o jogador espetacular que a torcida conhece.

Dorival Júnior foi muito feliz ao montar o esquema de jogo inicial do time. O domínio colorado no primeiro tempo só não se materializou em vitória por duas “bobeadas” da defesa. Suas substituições foram até corretas (a de D’Alessandro foi discutível, mas não absurda), mas foi traído pelas conhecidas deficiências do plantel colorado. Espera-se que, tendo a possibilidade de armar uma equipe (que não teve neste ano, quando chegou com o “bonde andando”), o excelente treinador possa obter resultados compatíveis com sua capacidade. Só seria péssimo perder a chance de disputar uma Libertadores…

No final das contas, apesar do resultado desfavorável, com todas as consequências disso, foi um belo jogo de futebol. Jogadores de altíssima qualidade, treinadores “top”, equipes de tradição… Um belo espetáculo. Esperamos que, na próxima vez, o resultado nos seja favorável, mas valeu.

06
nov
11

Aquecimento

Antes do “jogaço” de bola que acontecerá às 19h, o super-clássico Internacional x Fluminense, nada como um bom rock’n’roll para aquecer.

Ed Motta é o cara! Um verdadeiro fenômeno musical, uma ilha de musicalidade e bom gosto, neste oceano de porcarias que se escuta aqui no Brasil (de “restarts” e” claudiarreias”, passando por “ivetões” e “enexiszeros”). Pois não é que o cara se juntou com Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, para tocar um dos maiores clássicos da história do rock? Burn, do Deep Purple, foi um dos “petardos” escolhidos para o show realizado no Rock in Rio 2011. Depois vocês me contam o que acharam… Para assistir, clique aqui.

02
nov
11

Massa x Hamilton: a Guerra Sem Fim

Foram seis “entreveros”: Mônaco, Inglaterra, Cingapura (duas vezes, na prova e no treino classificatório), Japão e Índia. Uma rivalidade que está virando implicância prejudica as carreiras dos dois pilotos.

O pensamento me veio logo à mente. Ao ver Felipe Massa e Lewis Hamilton largando lado a lado no GP da Índia, pensei: “isso vai terminar em problema”. Não levou muito tempo para acontecer o que eu previa…

Na volta 24, Hamilton “babava” atrás de Massa. Em uma curva fechada, foi fazer a ultrapassagem em cima do brasileiro, que “fechou a porta” e provocou o choque entre os carros.

Foi só mais um capítulo de uma novela que começou no GP de Mônaco deste ano. E que, aparentemente, está longe de terminar.

Lewis Hamilton entrou na F1 em 2007 como garoto prodígio e protegido de Ron Dennis, o “chefão” da McLaren. Começou dividindo a equipe com o bi-campeão mundial Fernando Alonso. Para surpresa de muitos, foi uma verdadeira “pedra no sapato” do espanhol, reconhecidamente um belo acertador de carros e monopolista com relação à equipe. Equipe inglesa, piloto inglês protegido do chefe e espanhol de “nariz empinado” não poderia mesmo dar “liga”…

O resultado foi o título de pilotos “jogado pela janela” (para a surpreendente vitória de Kimi Raikkonen, com uma Ferrari inferior) e a saída abrupta de Alonso no final o ano, de volta à Renault.

Verdade seja dita: mesmo protegido por Ron Dennis, Hamilton mostrou um desempenho espetacular para um piloto estreante. Perdeu o título no final por um desequilíbrio psicológico e por sua própria inexperiência – além, claro, da briga com Alonso. Não vou nem discutir o fato da equipe preterir o bi-campeão que desenvolveu o carro em favor do estreante. O fato é que Lewis impressionou em sua estreia como nenhum outro antes, a despeito de entrar na equipe mais forte da F1 (na época).

No ano seguinte, sem Alonso e com um carro forte, Hamilton fez outro campeonato excelente. Porém, no finalzinho… Já tínhamos visto esse filme no ano anterior.

No final do campeonato, com a pressão normal de disputar o título em uma tradicionalíssima equipe de ponta, o jovem inglês começou a se atrapalhar todo. Culminou com a final, no GP do Brasil, quando conseguiu o título na última curva (literalmente) da última corrida do ano. Foi por pouco…

De qualquer maneira, ser campeão em seu segundo ano na categoria “top” do automobilismo mundial é, comprovadamente, uma façanha. E o cara é um tremendo piloto, com  muita habilidade. Velocidade pura, arrojo e impulsividade.

Nas temporadas subsequentes, o desempenho de Hamilton foi, geralmente, bom. Claro, com os altos e baixos normais da vida, geralmente ligados ao desempenho do carro. Mas ele sempre estava entre os ponteiros do camponato.

Quando Jenson Button chegou à equipe, no ano passado, a imprensa dava como favas contadas que Hamilton – que já tinha ganhado o duelo contra Fernando Alonso – tinha ganhado um segundo piloto subserviente e que nunca ameaçaria sua predominância na equipe McLaren. No primeiro ano, ainda se adaptando à equipe e às novas condições, o também campeão mundial Button realmente não lhe foi grande ameaça. O problema é que – ao contrário deste blogueiro, que sempre admirou Button – esqueceram de combinar isso com Jenson, talvez até por supor que ele não conseguiria ofuscar Hamilton.

Pois neste ano, também por causa dos pneus (que favorecem uma tocada mais “suave”, característica de Button), o agressivo Hamilton se viu completamente superado na pista. Os dois têm um relacionamento considerado muito bom fora das pistas, o que só dificulta a situação para Lewis. Aliás, Button é considerado o cara mais “boa gente” do paddock, praticamente uma unanimidade. Não dá para brigar com um cara assim. Nem quando Lewis bateu em Jenson os dois brigaram, mesmo com Button saindo prejudicado da situação…

O caso que não é somente por causa dos pneus que Buton está se dando melhor neste ano. O cara pilota muito bem, é extremamente preciso e muito rápido, e tem uma característica marcante que (vejam só) falta a Hamilton: equilíbrio psicológico.

Basta lembrar o título do inglês, quando corria pela surpreendente – e efêmera –Brawn GP. No começo do ano, por causa do “extrator mágico”, eles tinham uma vantagem real em relação aos outros. Porém, logo as equipes adversárias copiaram o recurso, e, com muito mais dinheiro que a “tchurminha” de Ross Brawn, tiraram rapidamente a diferença de desempenho, até mesmo invertendo a situação. Do meio do ano para a frente a Brawn era, talvez, o terceiro ou quarto carro mais rápido na pista.

Mas nosso amigo Jenson, além de aproveitar ao máximo as oportunidades, sempre foi um piloto consistente e equilibrado o suficiente para pontuar regularmente até o final do campeonato, o que lhe rendeu o título. As mentes simplórias não se furtaram em afirmar que Button “não era aquilo tudo”, porque só ganhou enquanto tinha o melhor carro, e aquelas besteiras invejosas de sempre. Não conseguiram reconhecer no inglês um tremendo piloto, que tem, sim, muito mais equilíbrio e força mental que vários “figurões”. O heptacampeão Michael Schumacher, um dos melhores e todos os tempos, deu várias mostras de desequilíbrio em finais de campeonatos (aquela história de jogar o carro contra Jacques Villeneuve me vem logo à mente…). Mikka Hakkinen, considerado um piloto calculista, bateu sozinho, saiu do carro chorando e perdeu o campeonato exatamente por causa daquela batida. E muitos outros “sentiram” a responsabilidade… Jenson Button não sentiu.

Quando se viu na mesma equipe que o “queridinho” e badalado Lewis Hamilton, Button não se preocupou. Fez seu trabalho, confiou na sua capacidade, e o resultado apareceu neste ano. Deve conquistar o vice-campeonato com folga, e não existe no grid ninguém que mereça isso mais do que ele.

O problema é que essa situação afetou Hamilton de uma maneira muito profunda. Acostumado a “atropelar” seus companheiros de equipe, desde as categorias mais primárias (em parte por ser “apadrinhado” de Ron Dennis desde criança), o inglês se viu em uma situação inédita e desconfortável. Muito desconfortável…

Até Mr. Bean ficou indignado com os "entreveros" entre Hamilton e Massa.

Hamilton é melhor que Alonso? Não acho que seja. O espanhol é muito focado, velocíssimo, consistente, excelente acertador de carros e agressivo na medida certa. Mentalmente equilibrado Alonso é, apesar de ser adepto de “manobras excusas” nos bastidores…

O que favoreceu Hamilton contra Alonso, em 2007, além de seu incontestável talento, foram, basicamente, dois fatores: sua intimidade com a equipe e, o mais importante, o fator surpresa. Porque ninguém esperava que o inglês chegasse na F1 andando tanto… Muito menos o bi-campeão Alonso.

Porém, hoje Hamilton já é bem conhecido, tanto em qualidades quanto defeitos. E aí vem a pergunta: Hamilton é melhor que Button? Na minha opinião, não é mesmo…

E aí, como já vimos em outros anos, ao se sentir pressionado, Lewis começa a “meter os pés pelas mãos”. O problema é que tem sido assim o ano todo.

A McLaren não tinha, no começo do campeonato, um bom carro, apesar de ter impressionado na pré-temporada. Isso surpreendeu a todos na equipe, em especial Hamilton. Claro que, com todo aquele poderio técnico (e financeiro), a recuperação foi relativamente rápida. E, pelo jeito, quem “liderou” a recuperação foi Button, o que deixou Hamilton mais “maluco” ainda. E a diferença de desempenho entre os dois começou a pressionar mais e mais o inglesinho…

Pessoalmente, a vida de Hamilton virou de pernas para o ar. Ao descobrir que o Pai de Button administrava a carreira do filho praticamente de graça, enquanto seu pai, Antony Hamilton, cobrava uma bela quantia, demitiu seu pai. Pior ainda: graças a seu namoro com a “Pussycat Doll” Nicole Scherzinger, contratou um empresário do showbiz para cuidar de sua carreira e começou a frequentar o “jet set”. Adivinha o que deu…

O antes afável e amigável Hamilton tornou-se quase insuportável, o oposto de seu colega de equipe. Tratando mal a imprensa, dando “pitis” na equipe, aparecendo mais nas colunas sociais que nas esportivas, escolhendo como amigos rappers americanos (arghhh!!!), Lewis deixou a normalidade definitivamente para trás. Isso se refletiu claramente em seu desempenho nas pistas.

Lewis está empenhado em bater recordes na F1. O de punições já está no papo. Porque ele deixou de ser um piloto arrojado para ser um perigo ambulante. Desde Andrea de Cesaris não se via alguém tão destrambelhado numa pista de F1. E olha que ele fez algumas boas corridas, chegou a vencer um GP. Mas no afã de ultrapassar todo mundo, ele “perdeu a noção” muitas vezes neste ano…

Mas a vítima mais constante de Hamilton, sem dúvida, foi Felipe Massa. O brasileiro bateu ou foi tocado pelo inglês em Mônaco, Inglaterra, Cingapura (duas vezes, na prova e no treino classificatório), no Japão e na Índia. Na Índia, aliás, na minha opinião, Massa “perdeu as estribeiras” e “fechou a porta” mesmo para Hamilton. Foi clara a culpa de Felipe, que se negou a deixar o inglês passar. “Nem a pau, Juvenal!” Claro que o pessoal da RG (com a honrosa excessão de Reginaldo Leme) defendeu o brasileiro…

Situação potencialmente perigosa...

Nas outras vezes, sem dúvida, a culpa foi sempre de Hamilton. Claro que chega uma hora que isso incomoda…

O problema é que Felipe Massa se prejudicou miseravelmente com esses “eventos”. Necessitando desesperadamente de bons resultados, pois seu contrato com a Ferrari termina em 2012 e não existem perspectivas de renovação para ele, os sucessivos abandonos só conseguiram piorar a situação.

Massa vive uma situação bem ruim. Piloto agressivo a arrojado, apareceu na Sauber, onde foi demitido por não acatar uma ordem de equipe. Empesariado pelo filho de Jean Todt, na época o “chefão” da Ferrari, passou um ano como piloto de testes da equipe italiana, antes de voltar à mesma Sauber. Com a saída de Rubens Barrichello para a Honda, Felipe assumiu a vaga de segundo piloto de Schumacher. Muito amigo do alemão, foi escolhido por ele como seu sucessor. Foi escolhido por Schumacher, porque a Ferrari apostava mesmo em Kimi Raikkonen

Contratado como primeiro piloto a peso de ouro, Kimi foi campeão em seu primeiro ano na equipe italiana graças a… Lewis Hamilton! Foi um ano que a Ferrari não tinha o melhor carro, e Massa foi prejudicado por sucessivas quebras. A equipe não tinha mais Rory Byrne nem Ross Brawn, nem Michael Schumacher, era uma fase de transição…

No ano seguinte, porém, Massa “arrasou” com o campeão Kimi. Com um desempenho bem melhor que o finlandês, Felipe perdeu o título na última curva da última corrida do ano. Claro que, não fosse o erro crasso da equipe no episódio da mangueira de combustível que ficou grudada no carro, o campeonato teria sido conquistado pelo brasileiro.

O fato é que Felipe Massa estava no auge de sua carreira. Era rápido, consistente e equilibrado. Na época teve vários duelos com Fernando Alonso, com total equilíbrio nos resultados. Isso é o que se chama de “ter bala na agulha”… Isso sem falar de uma disputa com Robert Kubica no final do GP de Fuji em 2007, na chuva. Uma das disputas mais espetaculares da história da F1, em todos os tempos. Dois pilotos fantásticos, e Massa ainda chegou na frente.

Em 2009, porém, a Ferrari apareceu com um carro bem ruim. Uma verdadeira “cadeira elétrica”. Apesar disso, Massa seguia superando o finlandês. Até o fatídico acidente em 2009, durante os treinos para o GP da Hungria, que deixou o brasileiro fora do resto da temporada.

O desempenho de Luca Badoer e, depois, Giancarlo Fisichella, substituindo o brasileiro, mostrou o como Massa e Raikkonen eram pilotos fantásticos, por conseguir resultados com aquelas “carroças”. Foi um fiasco atrás do outro, de dois pilotos diferentes. Se Badoer era somente piloto de teste e não corria fazia alguns anos, Fisichella vinha de uma pole position histórica com a Force India e era comprovadamente um bom piloto.

Massa voltou em 2010, já na companhia de Fernando Alonso, a grande esperança ferrarista para uma nova era de glórias, como foi a “era Schumacher”.

Antes do acidente de Felipe eu dizia, sem medo de errar, que Massa e Alonso, em carros iguais (se fossem bons carros), teriam desempenho parecido. O espanhol se destacava quando o carro não era lá essas coisas. Aí Fernando “tirava leite de pedra” e conseguia resultados surpreendentes. Mas se o carro fose bom, seria uma briga boa. Com carros diferentes eles tiveram belos duelos, culminado no episódio do “vá cagare”, no GP da Europa de 2007, quando discutiram após uma disputa roda a roda.

O fato é que no começo Massa estava bem. Em sua primeira corrida após o acidente (GP do Barhein em 2010) chegou em segundo. Na seguinte, em terceiro. A partir daí começou a ter problemas, principalmente depois do GP da China, quando foi ultrapassado na entrada dos boxes por Alonso, culminado com o fatídico GP da Alemanha, aquele no qual ele recebeu uma mensagem pelo rádio dizendo “Fernando is faster than You”, para que ele deixasse Alonso passar.

A partir daí foi ladeira abaixo. Parece que o brasileiro perdeu a motivação e se conformou com o posto de segundo piloto e poucas vezes apresentou atuações dignas de algum destaque.

Mas o pior, mesmo, foi neste ano. Com a mudança dos pneus, que têm desgaste mais acentuado, Massa teve uma queda de performance mais notável ainda. Demorou a se adaptar aos novos pneumáticos e viu sua distância em relação a Alonso aumentar dramaticamente. O carro da Ferrari nasceu ruim novamente, e falta aos italianos a competência técnica para se recuperar mais rapidamente. O contrato de Felipe termina em 2012, e a equipe garantiu que ele correrá até o final. Restava ao brasileiro, então, tentar mostrar um desempenho que justificasse uma eventual renovação.

E até que Felipe melhorou na segunda metade do campeonato. Após levar um “vareio” no começo do ano nos treinos classificatórios, Massa vinha largando à frente de Alonso com alguma frequência. Excelentes largadas também começaram a dar algum destaque a ele. Pena que, depois de ótimas largadas, ele se acomodava e ia perdendo desempenho. Pneus? Talvez, mas o desgaste acontece para todos…

O problema maior é que aí começou a aparecer o “fator Hamilton”. As sucessivas batidas com o inglês começaram a pesar na conta de Massa. Ele abandonou corridas nas quais poderia ter conseguido resultados expressivos. Foram pontos importantes, tanto para ele quanto para a equipe. E isso começou a irritar o pessoal de Maranello, o presidente Luca di Motezemolo, entre eles…

E aconteceram situações onde, visivelmente, Massa teve medo de ultrapassar Hamilton, ou chegou a facilitar uma ultrapassagem. Só que, pelo jeito, sua paciência acabou. E o que se viu na Índia foi o resultado disso.

Lewis Hamilton se prejudica com essa situação. Apesar do pessoal da McLaren negar, o inglês já andou tomando sucessivos “pitos”, especialmente de Ron Dennis. Porém, sua posição na equipe é bem consolidada, ele está em meio de contrato e não parece muito ameaçado.

Felipe Massa se ressente muito mais com essa situação. Por estar “devendo” um desempenho à altura de Alonso (e de seus próprios desempenhos anteriores), seu contrato estar perto do fim e os pontos perdidos prejudicarem muito a equipe (isso significa vários milhões de dólares a menos para o ano que vem…), sua situação é muito mais complicada. Fala-se até em rescisão do contrato no final de 2011 para a contratação de Nico Rosberg ou Sérgio Perez, o que seria desastroso para sua carreira.

De brincadeira, a briga ficou séria.

O problema é que essa guerra parece não ter fim. Hamilton está completamente “tresloucado”, e sem perspectivas de melhora. E já existe aquele “ranço” entre os dois. É um enxergar o outro pela frente – ou por trás, pelos espelhos – e o clima de guerra está criado. Se não contecer um acidente sério não é nada… Por muito menos já morreu gente nas pistas, e nas duas últimas semanas tivemos dois óbitos. Não gostaríamos de ver mais gente morrendo por causa de besteiras.

Talvez fosse o caso de chamar o inglês para uma reunião na FIA e “mijá-lo” com vontade. Ameaçar com alguma suspensão, talvez. Sua conduta temerária é um perigo à integridade de seus colegas, e isso deve ser levado em conta.

O problema é que Massa já “entrou no clima”, como se viu na Índia. E isso só piora uma situação que já era muito desagradável. Se ninguém tomar uma atitude, a surpresa pode ser extremamente desagradável…




novembro 2011
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