Após a eliminação vexaminosa da Libertadores pelo mediano Tigres do México, o Internacional sofreu uma goleada desmoralizante de 5 x 0 no Gre-Nal. Se isso não é o fundo do poço, então não sei o que é…
O que aconteceu hoje na Arena gremista foi o símbolo da administração Vitório Píffero, o Homem-Mazembe: um fiasco. Entrou para a história como uma das páginas mais negras da gloriosa história colorada. Mas o pior de tudo, é que a derrota já era esperada, apenas o placar foi mais elástico do que pensávamos.
Eu dizia há dias que empate era goleada, e que iria comemorar na Goethe se isso acontecesse.
Mas como alguém consegue levar um clube da grandeza do Internacional ao fundo do poço?
A Boca Louca
O peixe morre pela boca. Jacaré não foi para o céu porque tem boca grande. Píffero não tem freio quando fala. E, falando, começou a enterrar o nosso clube.
Ele nem tinha vencido uma eleição que, visivelmente, “estava no papo”, e já começava a queimar treinadores. De cara, descartou Abel Braga.
Ora, gente, o Inter de 2014 tinha muito menos plantel que o de 2015. E Abel Braga, mesmo com seu tão criticado “bruxismo”, colocou o clube na Libertadores de 2015. Mais ainda, chegou em terceiro no campeonato brasileiro. Abelão era tão ruim assim? O treinador que nos deu as maiores glórias? Ser descartado antes mesmo do brasileirão acabar?
Píffero afirmou, em sua campanha, que estava acertado com Tite. MENTIRA! Tite já tinha acertado sua volta para o Corinthians. Mesmo assim, o Homem-Mazembe afirmou que Mano Menezes, Celso Roth e outros não serviam para o Inter. Disse mais: treinadores estrangeiros também não serviam.
Aí começou a situação tragicômica: após ganhar a eleição, começou a implorar para que um dos treinadores que havia criticado aceitasse treinar o colorado. Obviamente, nenhum deles aceitou…
No final, acabou trazendo um treinador uruguaio, sua SEXTA opção… Planejamento e convicção em seu estado mais puro,,,
Após uma sequência titubeante na Libertadores, e um desempenho medonho no brasileiro, os astros mandaram uma mensagem para ele: lembre de 2010!
Como em 2010, Celso Roth havia acabado de assumir o Vasco da Gama. Como naquele ano, o treinador uruguaio se mostrava completamente perdido. Como na campanha do bi da Libertadores, o preparo físico (culpa de um preparador uruguaio, trazido pelo tal treinador uruguaio) era péssimo e comprometia totalmente o desempenho do time. Eram muitos sinais que não poderiam ser ignorados!
Píffero nada fez. O resultado foi o que se viu.
As “Contratações de Peso”
Parecia que o Inter era o Barcelona. Ex-jogadores e outros que vinham de sérios problemas físicos foram trazidos a peso de ouro. Na contramão do resto do Brasil, o “botocudo” gastava dinheiro “a rodo” e deixava a folha de pagamento colorada no topo do ranking brasileiro. A folha de pagamento, não o time.
Léo, Réver, Nilton, Lisandro Lopes, Anderson, Vitinho e outras “tranqueiras”. Algum deles deu certo?
Não estou dizendo que ele era obrigado a acertar em 100% dos casos. Mas é necessário contratar com critério. Algumas apostas devem ser feitas, mas alguns tiros bem calibrados precisam ser dados.
No final das contas, o pouco que se conseguiu deve-se aos garotos criados em casa, cujos salários, juntos, não pagam um Rafael Moura ou Anderson.
Por falar nisso, Rafael Moura e Jorge Henrique ficaram. O atacante conhecido pela alcunha de He-Man (tá mais para Rain Man…) recebe quase meio milhão de reais todo o mês…
Essa gastança desmedida provocou uma coisa que há muitos anos não se via no Beira-Rio: salários atrasados.
Aliás, por falar nisso, dou os “parabéns” para quem renovou o contrato de Alan Ruschel por 3 anos. E, não fosse o próprio Fabricio “se expulsar” do clube, ainda seria titular no Inter. Até Gefferson em mau momento é melhor que Fabricio ou Alan Ruschel…
Metendo os Pés Pelas Mãos
Aí vem as atitudes “tresloucadas” do presidente.
Após dizer que nao iria vender ninguém, para que o Inter pudesse conquistar o titulo brasileiro, ele mandou embora simplesmente o atacante Nilmar. Aranguiz e Gefferson já fizeram as malas, e existe o risco iminente de perdermos Sasha, Valdívia, Rodrigo Dourado e até o excelente goleiro Alisson. Um desmonte está em curso…
Aliás, Aranguiz ainda é jogador do Inter, recebe um bom salário (agora em dia), mas não aparece mais nem para treinar… Onde está o chefe dele?
A Saída de Nilmar
Mandou embora, sim. Nilmar não queria ir embora. Aos 31 anos, montou toda uma estrutura em Porto Alegre, onde ficava perto da família, e ganhava um salário de R$ 800.000,00 mensais no Inter, o clube de seu coração. Recebeu uma proposta do oriente medio pelo mesmo salário e recusou. Aí pediu um valor estratosférico (fala-se em R$ 1.200.000,00 por mês, pagos em euros), para que os árabes recusassem. Eles aceitaram. Aí ele disse que só o presidente poderia decidir. E Píffero aceitou a proposta de venda.
Que não era um valor à altura de Nilmar. Porém, por causa do que eu expliquei antes, o clube atrasou os salários. E entre os atrasos, havia um valor de aproximadamente um milão e meio de euros que o clube devia para o atacante. As perspectivas para o futuro eram ruins. Mesmo contrariado, Nilmar acabou indo para Dubai…
Ele sofria com lesões, como todo o time – inclusive garotos de 20 anos de idade. O preparador físico de Aguirre fez um estrago considerável no elenco colorado. E não seria o franzino Nilmar, com longo histórico de lesões, que sairia ileso de um trabalho tão medonho.
Além disso, em um time totalmente desorganizado, e escalado repetitivamente de maneira equivocada, o atacante ficava isolado no meio da zaga adversária. Sendo assim, os gols não vinham. A culpa era de Nilmar ou de Diego Aguirre?
Vou mais longe: quem era o chefe de Aguirre? Quem tinha que cobrar o treinador?
Não valeria um esforço para segurar um dos poucos jogadores realmente diferenciados do elenco?
Eu, pessoalmente, fiquei magoado porque sempre tive uma grande frustração (eu e Nilmar): em suas duas passagens anteriores, ele não teve a oportunidade de jogar uma Libertadores.
Desta vez, ele teve, mas sem condições decentes. Enquanto Aguirre escalava o time com alguma racionalidade, Nilmar brilhava. Depois, pelos motivos já enumerados, sucumbiu com o resto do time. Era culpa sua se o “bruxo” Lisandro Lopez era “colado” no time com Super Bonder?
A Falta de Timing
Como eu já tinha enumerado, a contratação de Diego Aguirre foi um erro, provocado pela “boca louca” do próprio Píffero.
Mas o erro maior foi sua manutenção. No início de seus trabalhos, ele insistia em algumas coisas (o tal do “rodízio” era a pior delas) absurdas. Aguirre era o “soldadinho do passo certo”, contra o senso geral.
Muitas vezes os loucos parecem geniais, mas somente até as pessoas perceberem que eles são, na verdade… loucos!
O melhor momento do uruguaio foi exatamente quando ele “achou” um time que funcionava, antes da parada para a Copa América.
Pois foi o próprio Aguirre que “implodiu” o esquema que deu certo. As atuações do time mostravam claramente a total falta de noção do treinador. A preparação fisica era ridícula: o time jogava mesmo nos 20 minutos iniciais, caía abruptamente de rendimento após isso e “parava” de jogar lá pelos 15 minutos do segundo tempo. Isso era visto com clareza por qualquer um. Nem precisava ter grandes conhecimentos para perceber.
Essa era a hora de agir. Em 2010 foi assim. Mas em 2010 nós tínhamos Fernando Carvalho na diretoria. E isso fez toda a diferença;
Porém, faltando 3 dias para um Gre-Nal importante, em um arroubo, ele demite o treinador. Totalmente fora de hora. Odair Hellmann teve apenas 3 dias para tentar acertar um time que, antes mesmo da demissão de Aguirre, estava depressivo e sem ânimo. Após a inesperada – àquela altura – defenestração do uruguaio, o psicológico dos jogadores “escorreu pelo ralo”.
Então, um time sem ânimo, depressivo e sem preparo físico, que “caiu no colo” do auxiliar técnico, perder por 5 x 0 não é nada de absurdo.
Mas jogar o time nessa situação, nesse momento, é.
Dá Para Descer Mais?
Dá, claro. A segundona é o limite. Ou a diretoria abandona a arrogância, bota a mão na consciência e faz uma reengenharia na gestão, ou nós vamos acabar imitando o nosso co-irmão – em vários níveis.
A série B é apenas uma delas. As finanças arrasadas são até mais graves, porque o futebol depende de dinheiro. Não dá para fazer em 2015 o que se fazia em 2010, ou 2012. As circunstâncias mudaram totalmente, a bolha estourou e o país está em uma crise que não se via desde 1990 – obrigado aos que votaram no PT!
É imprescindível se livrar das “tranqueiras”, de modo a dar uma boa “enxugada na folha de pagamento. Além disso, precisamos olhar com carinho para as categorias de base. Hoje, por exemplo, não temos um centroavante no plantel principal. Lisandro Lopes (que foi responsável direto por jogadas que resultaram em 2 gols do greminho, hoje) é um fracasso total. Seu reserva é Rafael Moura, sobre o qual prefiro omitir comentários. Temos alguns garotos promissores com 19 ou 20 anos, e temos que providenciar sua integração ao grupo principal. Os objetivos possíveis são baixos, e isso ajuda. Ou alguém acredita em algum outro título para o Inter em 2015? Ainda bem que ganhamos o “ruralito”…
A escolha do treinador é outro ponto crítico, dividido em dois. Vou explicar.
Não acredito que um treinador decente vá assumir o Inter agora. E, quando falo decente, excluo automaticamente Mano Menezes e Oswaldo Oliveira, vamos deixar bem claro. Eu tentaria Muricy Ramalho para 2016 (assinando contrato agora), e traria um emergente promissor para o resto do ano.
Seria o caso de oferecer para Argel ou Lisca a “chance da vida”. São dois treinadores com potencial e fome de vitórias que consolidassem suas carreiras. Como a Libertadores e o brasileiro já “foram para o vinagre”, essa seria uma aposta barata e bem calibrada. E sem a obrigação de ficar com o treinador para o ano que vem. Deus (Fernando Carvalho) fez algumas apostas assim, inclusive o próprio Celso Roth para o final da Libertadores de 2010 – que ele venceu.
Agora, uma coisa que tem que mudar é o critério para a escolha do preparador físico. O preparador físico tem que ser do clube. O treinador terá que utilizar o preparador do clube, sem trazer seus “bruxos”. Essa é uma maneira de garantir a qualidade do profissional e do trabalho desenvolvido.
Isso não é nenhuma novidade. Paulo Paixão já foi essa figura no Inter. O excelente Fábio Mahseredjian também já foi, mas saiu após ser “colocado de escanteio” pela segunda vez – um verdadeiro ultraje.
O treinador tem que se adaptar às normas do clube, e não o contrário.
Conclusão
Eu acharia melhor se Vitório Píffero entregasse o cargo e convocasse novas eleições. Mas isso não irá acontecer.
Nada de pessoal contra Píffero. Ele é um grande e abnegado colorado. Só que sua gestão e muito ruim, e o clube sofre com isso. Tenho quase saudades da gestão Giovanni Luigi – e isso não é nada bom.
Então, resta a ele tentar salvar o clube de uma tragédia ainda maior. Para isso, precisará tomar decisões com ponderação e sabedoria. É o que nós, colorados desejamos. E precisamos.
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